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29 de março de 2013

Maturidade


Caro Coelho: 

Não costumo escrever pra você.
Em primeiro lugar, porque não sei se você sabe ler.
Em segundo lugar, porque escreva ou não escreva, você me deixa os ovos do mesmo jeito – diferente do Papai Noel, velhinho carente que, se eu não escrever, provavelmente vem de saco vazio.
Mas eu tô escrevendo é pra pedir desculpa.
Ano após ano meu papai e minha mamãe prometem a você a minha chupeta.
Não sei se eles realmente entregam.
De qualquer forma, no período próximo à Páscoa, a conversa é sempre a mesma. Vamos dar pro coelhinho (você)!...
Passado algum tempo, tá lá (aqui) a chupeta de novo. Basta um chorinho da minha parte. Se não é a mamãe, é a vovó ou a titia que me devolvem. E você, coelho, fica de novo a ver navios (tem navio, aí de onde você vem?).
Esse ano a conversa é diferente.
Vou entregar.
Por mim mesmo. Decidido.
Quatorze anos de chupeta são mais que suficientes.
 

26 de março de 2013

Intransitável


Não sei se você ainda lembra (já lá se vão uns longos 3 ou 4 anos), mas a onda toda sobre os perigos da gordura trans virou – para a maioria das pessoas – marola.
Também, você tem mais o que fazer do que ficar se preocupando em ler pacotinhos no supermercado...
E foi nisso que a indústria se baseou – na nossa baixa de guarda para tudo isso - para que as coisas voltassem ao normal. Para eles!
Voltamos a comprar pacotes. Ou declaradamente trans, pois estamos menos vigilantes, ou trans “ocultos”.
E como é isso?
A lei permite que em determinada porção (escolhida pela indústria) se coloque lá: 0% trans. Acontece que “zero –vírgula - qualquer - coisa” resulta simplesmente: “zero”.
Mas em toda embalagem em que você leia as palavras: “gordura vegetal” e “hidrogenada” há gordura trans presente (mesmo que haja um baita 0% trans escrito na embalagem!).
Agora some os “zero – vírgula – qualquer - coisa” que o seu filho come durante o dia e veja se não ultrapassa o máximo tolerado (1g/dia, “e olhe lá...”!).
Quase sempre ultrapassa, para muita gente.
E o que acontece com tanta trans, mesmo?
Só relembrando, as gorduras trans, por serem meio artificiais, passam batido no metabolismo, invertendo a relação bom colesterol/mau colesterol, em favor do último, predispondo a problemas cardiovasculares já no adulto jovem (p. ex.: infarto em um indivíduo de 35 anos de idade).
O que fazer?
Como medida prática (se você, como quase todo mundo, tem preguiça de ficar olhando rotulinhos no supermercado – olhar preço já basta!): compre muito pouco pacotinho de guloseimas no supermercado. Deixe a despensa meio vazia dessas bobagens, principalmente se o seu filhote tem tendência à obesidade ou é meio “descontrolado” no consumir essas coisas. 
 

22 de março de 2013

Sempre Alerta


A presença de “bolinhas” em certas regiões do corpo (pescoço e nuca, principalmente) continua sendo um motivo freqüente de consultas pediátricas, e quase sempre acompanhado de alguma ansiedade.
As linfadenites destas regiões (as tais “bolinhas” ou gânglios) são, mais do que problemas, quase sempre a prova da robustez dos sistemas imunológicos.
Essas bolinhas (visíveis ou não, palpáveis ou não) são os postos de vigilância de vírus e bactérias. Ali os germes são captados e apresentados às células de defesa, para a construção de novas células de defesa e dos anticorpos.
A investigação com exames, então, não se justifica. Exceção feita a outras localizações (axilas e virilhas, por exemplo), gânglios muito grandes ou com sintomas como dor, ou em situações em que a criança se apresente doente.

19 de março de 2013

Padecendo no Paraíso


Toda mãe sabe que ela não é mais a mesma após a maternidade.
Mas a cada dia surgem evidências de que a transformação é quase completa.
Os dois exemplos desta semana:
Pés maternos crescem em média um número, pela queda do arco plantar que suporta o peso de mais uma pessoa (pessoinha) durante a gravidez. O pé se espalha, por assim dizer, crescendo para os lados e para frente.
Mais de 10% das novas mães desenvolvem um quadro de transtorno obsessivo-compulsivo. Essa alteração serviria para que as mães ficassem mais “ligadas” nos seus frágeis filhotes (aquela típica neura do: “está respirando?”, “fechei as janelas?”, “desliguei o ferro da tomada?”). Mais da metade, no entanto, voltam ao normal após um período de 2-3 meses.
 

15 de março de 2013

Jujubadicto


Acredito que todo pediatra como eu foi ensinado “desde pequenino” (na Faculdade) que: não, o consumo de açúcar não é responsável pelo aparecimento da diabete (que é uma pergunta que desde sempre pediatras ouvem das mães).
E não é que agora - aparentemente - podemos dizer que também nisso vivíamos na época da inocência?
Claro, qualquer um minimamente informado sabe que a diabete é uma doença que envolve vários fatores (multifatorial): genética, sedentarismo, raça e, de forma importante, o consumo habitual total de calorias (e não somente do açúcar e de doces).
Um novo estudo realizado com grandes grupos populacionais mostrou que realmente a proporção consumida (ou, mais propriamente disponível) de açúcar nas populações está relacionada de forma independente à diabete.
Estudos deste tipo podem ser sujeitos a críticas, pois são muito difíceis de serem realizados. Não se pode, por exemplo, pegar um grupo grande de pessoas e dividi-las: “Vocês, comam açúcar”, “Vocês não comam” e, após longo tempo, verificar os resultados. Há que se fazer estudo chamado “populacional”.
Tecnicalidades à parte, quase todos nós (leigos ou não) já sentíamos instintivamente que não estávamos exatamente cuidando da nossa saúde ao nos entupirmos de jujuba...

12 de março de 2013

Tratos à Bola


E aí, outra questão (relacionada à postagem anterior): crianças têm maior perigo (com as suas cabecinhas) ao jogarem futebol?
Têm!
No caso de crianças, há ainda dúvidas sobre as conseqüências de longo prazo em casos de traumas menores repetidos sobre a cabeça (“subtraumas”), mesmo nas cabeçadas à própria bola.
Seus pescoços são menos musculosos, suas cabeças têm maiores probabilidades de sofrerem movimentos rotacionais intensos, com conseqüências similares aos traumas entre cabeças. Além disso, suas células do cérebro são ainda imaturas e têm menos tecido de sustentação.
O que não quer dizer que devamos deixá-las no sofá o dia inteiro (até porque – ainda bem – a maioria não fica mesmo).
Também não devemos transformá-los em (desculpe a má palavra) “cagões”! Esse é um risco muito grande atualmente (e esse recado é principalmente direcionado à ala feminina – mães e avós).
A questão é: aprender um pouco sobre traumas, bom senso nas condutas de prevenção e após ocorridos.
E sempre contar com a ajuda do anjo Maluquias, o anjo da guarda das crianças maluquinhas. 

(acredito que em algum lugar do futuro, quase todos os jogadores – profissionais ou não – jogarão com proteção craniana, estilo Petr Cech, goleiro do Chelsea que, após grave contusão, mandou confeccionar um belo capacetinho)
 

8 de março de 2013

Grossura


Aficionado do futebol que sou, volta e meia vejo um crime contra a boa regra da Neurologia em campo.
Quando dois jogadores batem o coco de forma mais importante (ou mesmo quando só um deles o faz – contra o próprio gramado, por exemplo) em hipótese alguma deveriam voltar a jogar (muito menos com aquelas touquinhas ridículas de nadadores, utilizadas com a intenção de estancar algum sangramento)!
Os neurônios (as células do cérebro) são agredidos no momento da concussão (a batida na cabeça). E o tempo decorrido entre a agressão e a “cicatrização” da célula, variável entre indivíduos diferentes, pode ser de até 7 dias, aproximadamente.
Nesse intervalo, jogador (profissional ou de pelada) deve ser colocado em repouso (físico e/ou até mesmo mental) para diminuírem as chances de mais agressões às células neuronais.
Crianças que batem a cabeça na escola também devem ir para casa após a avaliação, e não permanecerem brincando (ou mesmo estudando), principalmente se sentem meio grogues.
(não esquecendo que os exames radiológicos, ainda que importantes, não mostram lesão às células, mostram apenas lesões macroscópicas mais graves – e, portanto, visíveis)
 

5 de março de 2013

Biscoito a Zero



Uma moda americana que logo aporta por aqui (se é que já não aportou) é a da demonização do trigo.
O trigo e as suas farinhas (parece nome de banda!) não são por si só nem anjos nem demônios, como de resto quase nada que a gente come são.
O problema com a alimentação moderna é o exagero, a desproporção em favor dos farináceos. E aí, sim, a meleca nutricional que a gente vê, levando a turma à diabete, hipertensão e etc.
Precisamos abdicar de um biscoito, passaremos cadeado nas padarias?
Claro que não, ainda que se hipotetise que na era prévia às farinhas o ser humano não conhecesse problemas metabólicos.

E aí, pegando carona na doença celíaca - condição em que se deve zerar o consumo de derivados do trigo - inventou-se o termo "intolerância ao trigo" (ou, mais bonito, "sensibilidade ao glúten") baseado apenas na presença de anticorpos dosados no exame de sangue mais um ou outro sintoma do dia a dia (como - adivinha? - a flatulência, ou um intestino ocasionalmente mais ativo).
Diagnóstico tanto apressado quanto inócuo, seja para os que"sofrem" da condição (ainda que com o perigo de apresentar algum transtorno alimentar, pelo medo desses alimentos), seja para os que o ignoram.
E, só pra variar, quem está lucrando com a história?
Liderando o ranking, indústrias, criando mil produtos wheat-free, ou livre de trigo.
Em segundo lugar, médicos charlatões, nutridores das neuroses dos seus pacientes.
Em terceiro (mas para esses o mercado nunca murcha), laboratórios (médicos e pacientes pedem, nós fazemos! - é certo).

Obs.: O diagnóstico da doença celíaca (muito real) basea-se em outra espécie de anticorpos, e tem história conhecida há décadas, ainda que com sintomas muito diferentes de um paciente para outro. Além disso, o diagnóstico definitivo é dado pela biópsia intestinal.

1 de março de 2013

Palitaço


Meu filho pequeno deve estar com infecção de garganta (e por isso precisaria de antibiótico) porque: 

● tem dor: mais de 90% dos casos de dor de garganta em crianças pequenas são devidos à inflamação devido a vírus, de cura espontânea em poucos dias, sem necessidade de antibiótico
● tem mau hálito: nas crianças pequenas o mau hálito é quase sempre devido à duas coisas: a respiração pela boca (nos casos de obstrução do nariz por resfriados, na maior parte das vezes) e o tempo mais longo sem se alimentar (principalmente quando acabaram de acordar)
● baba muito: entre outros motivos, a própria obstrução nasal pode ser um facilitador da salivação excessiva, bem como as faringites virais, benignas (a presença de adenóides aumentadas – e não infecção – deve, no entanto, ser lembrada)
● tem febre: de novo, a grande maioria das doenças febris em crianças são de causa viral e não precisam de antibióticos, e a presença da inflamação de garganta reforça tanto a causa viral quanto a não necessidade do antibiótico
● tem todos os acima: é realmente muito difícil convencer (todos!) os familiares de que a presença de febre, dor, mau hálito não precisa de mais remédio do que os simples analgésicos, mas vamos envelhecer tentando!

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