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7 de setembro de 2012

Virando O Jogo


 
O pediatra pede ao menino que escreva seu nome.
E, então, mostra à mãe.
- Tá vendo só? Olha esse “r”. E esse “t”! Parece que tem medo de cruzar o “t”. Tão fraquinho... E esse acento circunflexo? Tudo bem que hoje em dia não se usa mais chapéu, mas... Esse nome dele, tá em hieróglifo? Falar nisso, menino, o que é um hieróglifo?
O menino baixa os olhos, envergonhado.
- História, nessa escola, nem pensar, né?
E continua:
- Quanto é a raiz quadrada de 114?
Nada. Não se sabe se por ignorância, estupefação ou intimidação.
- Então. Viu o que eu falo? Acho melhor a senhora voltar à escola e pedir pra essa professora ver melhor isso. Não pode, um menino assim tão grande e tão...
Ia falar talvez analfabeto, mas calou-se.
- Pede pra ela dar caligrafia. E aproveita e recomenda o corte do recreio. Hoje em dia essa moçada só pensa em recreio. Outra: pede pra ela ver se a carteira não tá quebrada.  Uma letrinha assim fraquinha pode ser trauma de cair da carteira. Um marceneiro, talvez... 

Parece absurdo um pediatra interferindo com o trabalho da professora?
Mas... e o inverso, pode?
Cada vez mais as mães vêm “recomendadas” com problemas de saúde nos seus filhos diagnosticados pelos professores.
Anemia, TDAH, problema de visão, dores de cabeça que podem ser... sei lá!...
Professores tradicionalmente contribuem para a avaliação de problemas nas crianças, inclusive problemas médicos. A questão é o exagero. É a criação de preocupações a mais na cabeça dos pais já tão sobrecarregados. É, além disso, o expertise em assuntos que não são da sua pertinência – mas o Google está aí para transformar todo mundo em expert, não é mesmo?
Nada contra as professoras. Amo-las (o que é, também não posso errar?), até. E lembro-me de muitas com saudade (a maioria vivas, graças a Deus). Bom, deu pra entender...
Ou não?