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9 de dezembro de 2011

Seres Raros

Há algum tempo a gestação está deixando de ser a “caixinha de surpresa” (expressão ridícula roubada da crônica esportiva, mas facilmente compreensível) que já foi.
Dentre outras informações que exames pré-natais fornecem está a novíssima possibilidade de se saber no primeiro trimestre se a criança vai ter Síndrome de Down.
E aí, a polêmica:
Vai ser bom? Vai ser ruim?
Pode à primeira vista parecer ridícula a questão. Pode ser bom optar por ter uma criança com a síndrome, sendo que a interrupção da gravidez em fase tão precoce é muito mais viável (questões religiosas à parte)?
Pergunte então a um pai ou mãe de criança afetada pela síndrome. Há pouca unanimidade tão grande na medicina: são filhos que literalmente transformam a vida dos pais.
Com muito trabalho, muita ida a médico, muitas preocupações quanto ao futuro.
Mas também com um ganho enorme em termos de visão do mundo, de afetividade, de perceber o que realmente importa nas relações humanas.
E não são declarações da “boca pra fora”. A maioria dos pais diz com sinceridade que não voltariam atrás – se pudessem – na geração do filho Down.
O que a nova tecnologia está ameaçando fazer de pior é transformar adultos e crianças com a síndrome em “seres raros” no sentido literal, destruindo todo um trabalho de inclusão que as duas últimas décadas construiu (a síndrome de Down é de longe a síndrome genética mais freqüente).
É a perigosa discussão da eugenia que sempre vem à tona novamente.
É aí que não devemos chegar. Não vamos conseguir o ser perfeito. Porque ele simplesmente não existe. Porque a definição é esdrúxula.