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30 de julho de 2010

GPS, Uma Invenção Antiga


O badalado aparelhinho que só agora estamos usando nos nossos carros pra achar a próxima pizzaria já é uma invenção muito antiga.
Tem a idade mais ou menos do próprio Homem na Terra.
Somos embutidos do mesmo aparelho na substância branca (parte mais interna) do cérebro chamada hipocampo, área relacionada à memória e às emoções.
Estudos recentes com eletrodos registrando a atividade cerebral durante o sono mostram que o hipocampo é ativado enquanto – sem que na maioria das vezes nos demos consciência – revisamos nossos caminhos feitos durante o dia.
Prédios, árvores, ruas, postos e as próprias pizzarias vão sendo marcados no nosso mapa interno enquanto dormimos.
Mais duas curiosidades:
Taxistas já demonstraram há anos (antes do GPS eletrônico, característica que talvez se perca com o tempo) hipocampos significativamente maiores que o de outros profissionais, prova indireta da sua função.
E, pra variar (é aqui que eu apanho, mas não sou eu que estou dizendo, é o mesmo estudo), mulheres também mostram menor função hipocampal.
Maridos, aparelhinhos pra elas!
(Obs.: deve ser por isso que eu, que tenho um sono tranqüilo como motor de ar-condicionado velho, muitas vezes tenho dificuldade para achar o caminho do banheiro numa casa de seis peças!)

27 de julho de 2010

Cores Trocadas


Filmes belgas não aparecem por aí a toda hora.
Mas um filme de alguns anos atrás (“Ma Vie en Rose”, ou “Minha Vida em Cor-de-Rosa”) toca num ponto muito interessante, motivo de preocupação de alguns pais.
O menino protagonista, na faixa dos 7 a 8 anos, é um menino saudável, bonito, aparentemente muito bem cuidado. Teria tudo para ser muito feliz.
Exceto por um fato: quer ser menina! Só se interessa por bonecas, é totalmente desajeitado para as brincadeiras de menino e fantasia casar com seu melhor amigo. Chega mesmo a encenar o casamento, para desespero de seus pais, que surpreendem a cena.
Será certamente homossexual? Pode ser mudado nos seus gostos pelas atitudes dos pais? É fruto de algum “erro” na educação?
São perguntas que seus pais se fazem. São perguntas que todos nós nos fazemos em situações como essas.
O que não adianta (e aí o filme é enfático) é apelar para atitudes extremas, como broncas, surras ou castigos.
É difícil de achar o filme, mas para pais e educadores vale à pena.

Sobre o mesmo assunto, o engraçadíssimo comercial das camisinhas Tulipan mostra o quanto podemos nos enganar com as aparências:





Comentários?

23 de julho de 2010

Pés Atrás


Desconfie do médico que pede muito exame para ser realizado por ele mesmo (ou por sua clínica).
Desconfie do médico que prescreve muito medicamento “de última geração”.
Desconfie do médico que não o examina (ou, em alguns casos, do que o examina meio demais).
Desconfie do médico que não o encara.
Desconfie do médico que não explica nada.
Desconfie do médico que enriquece rápido demais.
Desconfie do médico que faz propaganda (ainda vivemos num mundo em que isso é antiético, mesmo que muita gente já não perceba).
Desconfie do médico.
Desconfie.

(já consegui ouvir alguns murmúrios: “Rá! Desconfie do médico que escreve em blogs!)

A Copa veio, a Copa foi, se falou de Mandela e Tutu, prêmios Nobel da Paz. Mas acho que ninguém lembrou que lá também é terra de Coetzee, Nobel de Literatura. Quer ter idéia da tensão racial que ainda grassa naquelas terras? Leia “Desonra” (ou veja o filme).

20 de julho de 2010

Ainda Pulsa


Por outro lado (do assunto abaixo: Medicina Para Leigos) nós, pediatras, vivenciamos hoje uma situação mais ou menos engraçada:
Há algum tempo atrás, saíamos dos consultórios ou ambulatórios a cada dia com uma letra nova para a famosa música dos Titãs. Era mais ou menos assim:
“Glomerulonefrite
Dor de cabeça
Hepatite
Eczema
Micose
Empiema...”
Arnaldo Antunes deve ter ouvido algum médico na saída do trabalho, não tenho dúvida.
Agora, não. Doenças, doenças mesmo, têm rareado (a não ser, claro, nos ambulatórios de referência), por vários motivos (dentre eles: vacinas, melhora de condições sanitárias, informação, descentralização do sistema de saúde, etc.).
Então, o que vemos muito são ou pequenas doenças (comparadas ao que se via antes) ou gente se imaginando – ou até querendo estar – doentes. Estes abundam (com o perdão da palavra)!
Imagino o dia em que algum repórter de algum canal de televisão vá dar a notícia:
- Estamos aqui direto de Quixeramodá com uma criança apresentando o que pode ser um caso grave de diarréia. E atenção: lá vem mais uma evacuação!... Ah, não, era apenas um punzinho!

16 de julho de 2010

Águas Paradas


Com freqüência os pais perguntam o que pode ter causado a infecção urinária de seus filhos.
Nem sempre há exatamente uma causa (infecção nem sempre tem uma causa outra que um germe se aproveitando de alguma brecha de imunidade, mesmo que pequena).
Mas duas causas comuns devem ser lembradas em crianças:
1) O intestino preso. Como o assoalho muscular pélvico engloba função vesical (do esvaziamento da bexiga) e intestinal (a evacuação), crianças com constipação “seguram” muito a urina como reflexo do medo de evacuar. Urina parada (na bexiga) é um facilitador da multiplicação de germes que de outra forma seriam rapidamente eliminados com a micção.
2) O famoso T.C.M.P.F. (não confundir com a C.P.M.F!), ou seja, “Ter Coisas Melhores Para Fazer”. Como crianças pequenas vivem tendo C.M.P.F., “esquecem-se” de urinar! É muito comum, e é também um grande fator a predispor as crianças às infecções urinárias.

13 de julho de 2010

Medicina Para Leigos


A automedicação sempre foi condenada, e é mesmo um erro.
Ocorre que com a carência galopante de médicos no mercado no mundo inteiro em algumas importantes áreas (clínicas, principalmente) tem surgido um fenômeno ligeiramente mais complexo (e completo) que a automedicação: o que eu de forma presunçosa chamaria de auto-tratamento.
O auto-tratamento é um passo além da automedicação. É a somatória do conhecimento proporcionado pelas consultas anteriores a determinado(s) médico(s), incluindo suas prescrições, com o conhecimento adquirido de alguma outra fonte (notadamente da Internet – e mais especificamente do Dr. Google, já “velho conhecido”).
E muitas vezes funciona, ainda que por caminhos tortuosos.
Mas me parece que a coisa irá além:
Não está longe o dia em que guias estilo “Faça Você Mesmo” (comuns em jardinagem, marcenaria, decoração, etc.) serão publicados para sanar a falta de médicos interessados em trabalhar em áreas, digamos, “pepinosas” (seja pelo stress a elas associadas ou à ameaçadora espada de Dâmocles judicial pendendo sobre a cabeça daqueles).
Algo do estilo:

Dor no peito? Ausculte (com seu estetoscópio). Há alguma anormalidade (do tipo “tusch, tusch”)? Se não, meça sua pressão? Está alta? Tente um vasodilatador sublingual. Melhorou? Não? Experimente fazer cinco flexões de tronco. Acentuou o mal-estar? Experimente...
E por aí vai...
Assustador? Também acho!
Mas parece que não teremos escapatória...

9 de julho de 2010

Nadando em Química


No caso da natação, a balança ainda pesa mais para o lado dos benefícios do que dos riscos.
Mas não se deve desprezar as interações químicas do cloro (utilizado para a desinfecção das piscinas) com a pele e aparelho respiratório.
A Afsset, agência de vigilância sanitária francesa, anunciou há alguns meses um relatório sobre esses efeitos e como minimizá-los.
Na água das piscinas os átomos de cloro combinam-se com o amoníaco presente na urina, suor, saliva, secreções nasais e lipídeos do couro cabeludo para formar a cloramina e o clorofórmio, duas substâncias altamente irritantes da pele e do aparelho respiratório.
O resultado: aparecimento de eczemas e o desencadeamento de rinites, bronquites e/ou asma (justamente a asma que leva mães preocupadas a matricular seus filhotes na natação!).
Para diminuir o problema, a Afsset recomenda boa higiene, o banho obrigatório antes da entrada na piscina e, cloro (digo, claro!), tentar deixar o pipi para o vestiário!

6 de julho de 2010

Ameaça Emborrachada


Essa é uma daquelas questões difíceis dos tempos do politicamente correto (ou do microbiologicamente correto para ser mais exato):
“Bichinhos” (ou outros tipos de brinquedo) no consultório pediátrico.
É claro que se contaminam pelos germes das crianças que com eles brincam!
Quer maior segurança? Leve o seu (ou os seus – ou melhor, dos seus filhos).
Outra dica: filhos saudáveis acompanhantes se expõem meio que à toa, e isso pode ser evitado se ficarem em casa.
Tem havido uma campanha para que sejam eliminados dos consultórios.
Acho triste e difícil, porque se ainda existe um motivo para que as crianças pequenas se entusiasmem a ir ver seus pediatras é pela presença daquelas coisinhas velhas e imundas que infestam (literalmente!) o ambiente.
Revistas são para adultos.
Liberar o uso dos celulares dos pais pode funcionar (e muitos têm usado).
Mas eu estou meio que sem coragem de jogar meus monstros de borracha no lixo...

(obs.: um consultório livre de bichinhos ainda tem mesas, telefones, trincos, janelas, balanças, estetoscópios de onde se contaminar. Então, quer segurança total? Amordace e ponha camisa-de-força!)

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2 de julho de 2010

Sente o Brilho

Três partes das crianças pequenas que não precisam – ou não devem - ficar assim “brilhando”:
1) Bumbum: mães obsessivas com a higiene da região das fraldas acabam por irritar a pele do local com o uso de lenços umedecidos (que por si só não fazem mal, desde que usados com parcimônia), ou pela própria fricção da pele, já sensível pela presença de irritantes presentes nas fezes ou na urina.
2) Ouvido: limpar com cotonetes dentro do ouvido pode machucar conduto auditivo ou mesmo a membrana timpânica. Distância segura? Até a metade da parte de algodão para dentro do conduto.
3) Dentes: a própria escovação excessiva pode danificar esmaltes. Escovar sim, porém com pastas pouco abrasivas (próprias pra crianças). Lembrar que grandes inimigos dos esmaltes são líquidos com pH ácido em demasia (sucos, chás, leites, águas de coco) e ausência da escovação antes de dormir.