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29 de setembro de 2009

Quem Procura, Acha


“Sob a luz do microscópio, devemos todos ter uma ou outra anormalidade”

Mais de mil pessoas (idade média de pouco mais de 50 anos) se submeteram a uma tomografia de corpo inteiro para “ver se achavam alguma coisa de anormal”.
Em 86% destes exames acharam, sim, algo de anormal (imagens com aspecto tumoral, principalmente).
Em 37% destas pessoas exames adicionais foram sugeridos.
Destas, menos de 1% tinham algo de realmente sério, algo que “iria incomodar mais para a frente”.
Acho que este estudo não precisa comentários, não é? Fala por si...
(talvez por isso ouçamos tantos septuagenários se gabarem: “Nunca fui num médico!”)

25 de setembro de 2009

Abaixo a Perfeição


Tudo bem que algumas belezas às vezes são reais.
Eu, por exemplo, nos idos anos 80 já quis pegar na Luiza Brunet para ver se era mesmo de verdade (ela infelizmente não me deixou).
Mas a grande maioria das pessoas que estão nas Caras e Bocas, nas Novas, nas Contigos, e mesmo nas Vejas, Isto És, etc. são de mentirinha, alteradas por computador.
Muita gente sabe. Muita gente nova sabe.
Mas talvez elas devam mesmo ser lembradas para não correrem o risco de, ao se compararem às perfeições publicadas, se acharem um “lixo estético” (lixo estético esse que se estende perigosamente para todo o ser nas cuquinhas imaturas).
Por isso, a nova proposta de lei francesa de adicionar um aviso em revistas e fotos de publicidade. Algo como:
Réloou! Aqui tem truta! Essa moça foi “alterada” digitalmente. Não é tão linda (nem mesmo tão moça) assim, OK?
Excessivamente politicamente correto?
Sei lá.
Tomara que pegue, lá como cá. Tá lançada a idéia.

22 de setembro de 2009

A Fome no Museu


Fome era uma sensação fisiológica que nossos antepassados possuíam para avisar aos seus organismos que era hora de buscar comida.
Antepassados?
Pensando em termos de infância atual, é de se questionar:
Seu filho(a) conhece o que é fome?
Tem ele(a) tempo entre uma refeição e outra, entre uma bicada e outra, entre uma bobagem e outra para saber o que é um estômago vazio?
Precisa? – pode se perguntar você.
Pode até parecer que não, mas há uma óbvia correlação histórica entre tempo com fome e funcionamento insulínico, ou seja, parece claro que alguns intervalos maiores entre uma recarga energética e outra fazem bem para que o metabolismo se ajeite, ponha os pingos energéticos nos devidos is, redistribua calorias para tecidos e órgãos que delas necessitem – quando realmente necessitem.
Uma estratégia simples – e pouco doída – de perda de peso é aprender a reconhecer fome (um pouquinho, não muita), a não comer por pura inércia. Bem como reconhecer a sua saciedade (ou, como um refinamento, conhecer o volume de comida suficiente para saciá-la).

18 de setembro de 2009

Disfarce


Tem muito paciente pediátrico que quando percebe-se com “prazo vencido”, ou seja, se torna muito grandinho para consultar com pediatra, fica sem pai nem mãe (nesse caso mais exatamente sem médico pra chamar de seu).
Ainda que a gente deva estimular o crescimento do adolescente também nesse sentido – o aprendizado da perda do vínculo com o médico da infância – somos seres humanos.
Eles, como nós, também querem voltar a ver alguém que foi importante durante anos.
E enquanto se aguarda que sejam os próximos pais trazendo seus filhos, vamos fazendo vista grossa para suas idades, atendendo-lhes com nossas limitações de médicos de crianças.
Mas... e o constrangimento da sala de espera?
O que fazer com os olhares estranhos dos outros pacientes, com os bichinhos melados, com as figuras da turma da Mônica na parede?
Aqui vão algumas sugestões:
1) Finja-se de grávida. Diga que quer combinar o atendimento na sala de parto. Coloque uma almofada (duas para gêmeos) dentro da camiseta e simule estar um pouco enjoada (obs.: válido somente para moças).
2) Entre pela porta dos fundos. Ou, em alguns consultórios, pelo refeitório dos médicos. Janela é uma opção - em consultórios térreos e devidamente avisado.
3) Marque três horários: o imediatamente antes e o imediatamente posterior (opção meio cara), para usufruir da sala de espera vazia.
4) Crie (ou roube) uma credencial de repórter. De preferência, chegue anunciando que é de alguma revista famosa (quem sabe o médico ainda o compense financeiramente).
5) Vá de branco. Diga que é um médico assistente novato.
6) Minta a idade. Faça a barba bem feita e comente o quanto você é grande pros seus 6 anos.
Ou então... assuma, mesmo! Sente na cara dura no meio da criançada e curta o momento (já que aos 2 anos de idade você só se esgoelava).

15 de setembro de 2009

Desculpe, mas...


Um artigo recente publicado no jornal da Sociedade Americana de Pediatria confirma um fato que de vez em quando nos aparece:
Mães que desconfiam – ou têm quase certeza – de que suas filhas foram abusadas sexualmente e nos pedem avaliação. O resultado: quase sempre (no meu caso, posso dizer sempre) normal (no estudo: apenas 10% dos casos investigados).
Nada para se comprovar penetração.
Curiosamente não é isso que se costuma pensar. Espera-se por alguma lesão genital para corroborar a história da criança ou a suspeita dos pais. Imagina-se que seja algo facilmente evidenciável.
Infelizmente não.
E os motivos para isto?
Três principais motivos citados pelos autores do estudo:
1) a cicatrização da(s) lesão(ões) ocorrida(s)
2) penetração sem lesão evidente
3) interpretação inadequada da criança (relação sem real penetração)
E a mentira ou invenção da criança, pode ser um fator?
Também segundo os mesmos autores, é muito mais freqüente o esconder ou diminuir o fato do que criá-lo.

11 de setembro de 2009

A Maldade em Pessoa


Com alguma freqüência, pais vêm ao consultório se queixando do comportamento da criança.
“É ruim”, dizem alguns, “quer ver só?”.
E aí aguardam a “ruindade” se manifestar. Passam-se segundos, minutos, meia-hora e...
Nada! Ali um fofinho, uma fofinha, um anjo de bondade – alguns até com um sorriso angelical estampado no rosto!
O que algumas vezes deixa os pais ainda mais furiosos.
Por que acontece?
Em primeiro lugar porque o ambiente é “novo”. Há coisas muitas vezes interessantes para serem exploradas (velhos “bichinhos” desbotados de menos de 10 reais, por exemplo).
Em segundo, a criança pode estar – e com freqüência está – percebendo uma “real autoridade” na sua frente (tipo “Sei lá o que esse cara pode fazer comigo!”). Então, fica “na dela”.
Em terceiro lugar (mas não menos importante), o faz por puro boicote aos pais, mesmo (“pra sacanear”, se assim quiserem), porque afinal não são figurinhas bobas!
O que isso prova?
Que não há uma maldade intrínseca na criança pequena, claro.
Que a “maldade” – assim como a beleza – nesse caso, está muito nos olhos de quem a vê (ou não a compreende).
Há quase sempre nesses casos um misto de incompreensão, impaciência, rejeição até.
Pais não são exatamente “culpados”. Mas é um fato bem comum dos tempos modernos.

8 de setembro de 2009

Psicólico


Dia desses uma enfermeira velha de guerra – mais que eu – me interpelou no corredor da Maternidade em que eu trabalho:
-E aí, doutor, ainda continua com os mesmos conceitos em relação às cólicas?
Queria dizer: “Ainda resistente em achar que os recém-nascidos têm mesmo dor na barriguinha?”, claro.
Sim, porque já carrego alguma fama nestes mais de 20 anos, “aquele que não acredita...”.
Respondi:
-Cada vez mais convicto! (claro que não exatamente que “absolutamente nunca pode ter realmente dor”, mas a resposta ficaria muito extensa, e era preciso provar convicção, afinal de contas!).
E aí, exagerei:
-A cólica virou meu ganha-pão! Já quase comprei uma casa em Angra por causa dela. Acho até que já faturei mais com as cólicas do que a Bristol-Myers Squibb.*
Um pouco de exagero, só. Nunca fui a Angra (nem sei se ainda vale a pena comprar casa lá).

* ex-fabricante do “extinto” Espasmo-Luftal, atualmente com o mesmo nome no EMS – e copiado por vários similares. O que a falta de uma boa conversa não faz de lucro pra indústria?

4 de setembro de 2009

Como Vai Seu Cocô?


Diarréia é sempre um problema?
Quando um cocô mole (ou até mesmo líquido) é doença e quando é apenas um “intestino solto”?
Ainda que a resposta não seja sempre possível, alguns dados podem ser esclarecedores, para que os pais fiquem menos preocupados:
“Cocô feio, mas criança bonita” (ou seja, uma criança que, de resto, está saudável, ativa, brincando) fala contra a presença de doença (e raramente vai levar a um risco de desidratação).
O contrário (“cocô menos feioso, mas criança caída”) merece muito mais atenção.
Prazos curtos ou intermitência (ou seja, cocô ora bonito, ora feio) têm menos chance de apresentar conseqüências.
Olho no peso: variações de peso em diarréias de curto prazo costumam indicar desidratação (perda líquida maior do que a reposição com a ingestão, com os seus riscos) e em prazos longos, “desnutrição” (aspas porque a perda de peso pode ser conseqüência, por exemplo, de uma maior atividade física, quando deixa de ter significado).

1 de setembro de 2009

Pepino Split


Um divórcio já é um fato suficientemente doloroso para os pais. Ninguém se divorcia sorrindo (a não ser, em alguns casos, um dos cônjuges em alguma crise nervosa).
Para os filhos, então, a coisa beira a tragédia, principalmente quando são muito pequenos.
Algumas dicas são importantes para que os filhos não saiam demasiadamente feridos quando o relacionamento dos pais chega ao fim:
◊ Deve se deixar claro para a criança de que não é ela a causa da separação. É essencial que ambos os pais demonstrem o quanto a amam (um perigo aqui é um dos pais quererem “comprar” a criança com presentes ou programas que o outro não terá as mesmas condições de proporcionar).
◊ Tente manter ao máximo possível as mesmas condições de vida de antes da separação. Quanto menos mudanças adicionais nesta hora, melhor.
◊ Tente facilitar o contato dos filhos com ambos os pais (telefone, SMS, etc.), principalmente se um dos pais não for morar por perto
◊ Faça o filho compreender que o divórcio é uma decisão final. Somente assim ele aprenderá a elaborar o luto e “seguir em frente”.
◊ Evite a todo custo comentários negativos a respeito do ex-cônjuge. São situações estressantes para as crianças, “criadoras” de freqüentes sintomas psicossomáticos (além de afetar sua auto-estima).
◊ Combinem as mesmas regras de disciplina para os dois lados.
◊ Mostre exemplos positivos de famílias cujos pais se divorciaram.