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4 de abril de 2017

Quito


Imagino que quando me avista no meio da noite, o mosquito pense: "Olha o tamanho do mamute!". E agradeça ao Deus dos mosquitos a concessão do banquete.
Começa quase sempre pelos pés, planejando talvez o resto para os árduos meses de inverno, quando a carne pode vir a faltar. Ou pelo fato de mais que hematófago, ser mesmo um podófilo, não sei.
Com as pequenas crianças o monólogo é outro: "Fofinho, filé mignon! E mesmo vivo, nem se mexe!". E vai deitando vôo, armando guarda-sombra, toalinha e protetor. Deixando ao levantar acampamento um rastro de múltiplas bolinhas vermelhas, que fazem as mamães duvidarem de que tudo aquilo foi obra de uma única e minúscula criatura. Catapora, alergia da roupa, brotoeja gigante?
Não. Obra do Quito, o mosquito viajante...

31 de março de 2017

O Universo em Cada Um de Nós


Ainda no assunto sexualidade:
Mesmo sendo vital para todos nós - e fonte de angústias, medos, ansiedades, mas também grandes prazeres, alegrias, satisfações - a sexualidade continua sendo um assunto sobre o qual se deve falar (ou, no caso aqui, escrever) tendo muito em conta para quem estamos falando (ou escrevendo).
Note, no entanto, que na escrita isso é quase impossível de se conseguir. 
Eu sei lá se você que me lê agora (se é que há realmente alguém me lendo agora ou em qualquer época!) é uma senhora religiosa septuagenária (mas não necessariamente "não despudorada", sem ofensas) ou uma mãe - porque admito sempre de cara de que quem me lê aqui costuma ser mãe, raramente pai - na faixa dos 20 e poucos anos e com padrões morais totalmente distintos (mas também não necessariamente "não totalmente pudica"!).
Meio complicado.
Mas fascinante, a diversidade de opiniões. É somente uma questão de sondar terrenos. E não ter receio de ser alguém aberto aos estilos de vida variados, à interferência das religiões (sempre tão presente, ainda que na minha humilde opinião algo nefasta, porque menos honesta que a busca pela própria moralidade), à influência das mídias, aos modismos, às convicções.
Um escritor famoso (John Cleese, nobel de literatura que, inclusive, lutou muito contra a percepção de que era homossexual e estava tomando a "estrada errada" no seu casamento hetero, e com isso foi muito infeliz) escreveu que, em termos de sexualidade, cada um de nós não parece ser da mesma espécie que o outro. Somos muito "iguais" nos hábitos de vestir, comer, brincar, etc., mas quando se trata de sexualidade, cada cabeça parece ser um outro universo. 

Tendo a concordar.

28 de março de 2017

Antes da Hora


A gravidez indesejada na adolescente de uma certa forma interrompe o futuro da futura mamãe.
Assumirá outro papel (o de mãe, não mais o de filha) cedo demais.
E depois poderá parecer lindo no olhar retrospectivo, mas é sempre um baque. É quase sempre um drama. Pelo menos um pequeno drama.
Não engravidar não significa não fazer sexo. Não significa não falar de sexo. Muito pelo contrário. Pais abertos à questão - sem atropelos, sem grandes exageros - têm a força de um contraceptivo. 
Na hora do "vamos ver" não é hora de pensar nisso. Nem quando já se está em "relações firmes" (como se costumava dizer), ou naquela hora em que a balança das opiniões pende muito mais para o lado dos amigos do que dos pais. 
Nos últimos anos, no entanto, percebo alguma melhora. Já não são tantas as adolescentes vistas na maternidade. Não é certamente por um moralismo maior. Ou por convicções religiosas. Pode muito bem ser que o fenômeno seja inverso.
Talvez a maior liberdade, um certo "descontrole" esteja gerando meninas mais ligadas, menos inocentes, menos "bobinhas", que não estejam sendo "pegas de surpresa" por uma gravidez. Talvez até tenham menos "vontade", no sentido de que o sexo não seja mais encarado como algo tão misterioso, tão sagrado, tão interessante porque tão proibido.

Sei lá. São teorias. O tempo dirá quais são os motivos.

24 de março de 2017

A Temida Pergunta


Tem vovó que faz a gente perder a paciência.
Tudo que bem que o "momento-vovó" ("momento-vovô" também, os homens não estão absolutamente excluídos, muito pelo contrário) é momento de curtir, de relaxar, de deixar escapar questões menos sérias.
Mas elas (es) abusam!
A gente tenta criar - mais precisamente reforçar - noções de alimentação correta, necessidade de horários algo mais rígidos, percepção da autoridade familiar, etc. e tudo parece funcionar direitinho, quando fazemos a temida pergunta:
E (as) os avós, concordam, agem de acordo?
Aí vem o sorriso sem jeito, o olhar acusador do pai para a mãe (ou vice-versa), a expressão de desânimo:
"Olha, ali tá complicado!" Ou: "Nem adianta!".


Seria o caso (mas quase nunca é) de os próprios vovós levarem os netos para consulta. Mas, interessante, quando são eles que levam é porque costumam já atuar mais como pais do que como avós propriamente. E aí não são propriamente "problema". São os dos "bastidores" que sabotam os nossos planos no andamento da educação da criança.

21 de março de 2017

A Peixe e Ovo


O "escândalo da carne" brasileira é só mais um exemplo dos tempos em que vivemos.
Fatos mais ou menos banais (como o "passar por cima" de inspeções obrigatórias ou a adulteração aqui e ali de um produto industrial na vivaldice do lucro mais fácil) se transformam na conversa obrigatória dos jornais (conspiração para esquecermos da reforma da Previdência? mais um ponto do anti-Lulismo midiático?), geram repercussões muito maiores do que seria necessário, influenciam mercados, alastram o medo no consumidor.
Assim é com doenças. Elas existem. Elas muitas vezes matam. E não poucas vezes renderiam (ou rendem) "escândalos", seja por uma incidência inaceitável, pela negligência governamental, ou até pelo desvio grosseiro de recursos que de outro modo serviriam para tratá-las. 
Mas não são a "bola da vez". Hoje (e talvez ainda amanhã) é dia de falar das carnes. É o que está rendendo para alguns. Espaço nas mídias. Dividendos políticos. Brincadeiras no Whatsapp
E a gente passa a achar que está tudo errado. Que se deve fechar as churrascarias. Que daqui pra frente é só peixe e ovo.
Mas... espera! Parece que ali na esquina alguém achou metade de uma barata dentro de um chocolate.
Imprensa! Autoridades! Polícia! Políticos! Socorro! Estamos todos perdidos! Novamente...