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26 de fevereiro de 2016

Dando Idéia


Uma informação que nem deveria ser dada:
O uso de antibióticos em crianças, assim como em animais, favorece o crescimento - especialmente em classes sociais mais baixas, ou afetados por infecções crônicas, como o HIV.
Quatro milímetros por mês. A um custo altíssimo, em relação aos efeitos colaterais, tanto individuais quanto comunitários (a temida resistência bacteriana em nível mundial é só um deles).
O peso também sobe, mais do que a altura (também como acontece com os bichos, conhecimento utilizado na pecuária há décadas).
Pais ansiosos, dispostos a qualquer coisa para que seus filhos cresçam - e engordem, não se sabe exatamente pra que - poderiam usar a infeliz idéia.
Melhor, então, calar.

(Curiosamente, é o que eu sempre falo para os pais: "Engordar mais para que? Vão vender seus filhos mais caro se tiverem mais peso?" É feito com animais. Esperemos que pare por aí...)

23 de fevereiro de 2016

Com A Palavra, os Cirurgiões


Tradicionalmente, cirurgiões não gostam de falar. São pessoas de ação.
Clínicos falam. É o seu ofício.
Ocorre que os procedimentos cirúrgicos disponíveis para cada situação clínica podem variar. Em porcentagem de complicações, em custo, em necessidade de reoperação, em experiência da equipe com tal ou tal procedimento.
E aí seria bom que os cirurgiões soltassem o verbo a respeito.
Não tem jeito. Pacientes deveriam crivar seus cirurgiões de perguntas. Tem complicações? É curativo (resolutivo)? Precisará reoperar? Há diferenças na evolução de longo prazo entre as técnicas? E etc.
O Google ajuda. Mas oscila entre a superficialidade e o excesso de profundidade, o que pode não resolver para o paciente. 
O clínico pode ser um mediador. Mas não põe a mão na massa, e é tão leigo quanto o paciente no que diz respeito ao que ocorre dentro de um centro cirúrgico.
Cirurgiões modernos falam. Via de regra, falam muito mais - e melhor - do que os mais antigos, "estrelas" da ação, e não da comunicação. Exceções à parte, viram que não há outro jeito para que sejam bem sucedidos. 
Crivemo-los, então, de perguntas. Tá na conta.




19 de fevereiro de 2016

É: Tem ou Não Tem?


Sempre gosto de lembrar às queridas mamães de que a febre é um dado objetivo, o que a cerca não (ou nem sempre).
É aquela história do "Tem febre?", "Tem porque a cabeça está quente", "Tem porque os pés ficaram geladinhos", "Tem porque o Brasil ganhou de 4 a 0"...
E o que diz aquela coisinha branca com numerozinhos na ponta, que você põe embaixo da axila?...
Porque é isso que vale! Está algo acima de 37, bingo! Febre!
Esqueçam a quentura da cabeça, a geladura do bumbum, a cor do pijama... Termômetro!
"Ah, mas o Pedro Henrique não deixa pôr!..."
Então tá. Lideremos com a ignorância de um fato importante (e objetivo) na evolução da doença porque "o Pedro Henrique não deixa pôr!"...
Santa falta de autoridade! (como dizia aquele auxiliar do Batman, que hoje em dia ninguém mais conhece - é o Robin!).
Nossa, como estou agressivo hoje!...

16 de fevereiro de 2016

Com A Zika Não Se Brinca


Uma definição proposta para a infecção por Zika:

Uma doença que não se tem certeza da causa, transmitida por uma picada que ninguém sente que levou de um mosquito que ninguém sabe como acabar, para a qual ainda não se dispõe de exame, mas que se previne por uma vacina que está sendo buscada.

Doença brasileira, por definição.

Mas que foi engraçado ler manchetes do exterior na semana passada, foi:

"Enquanto se infectam pela Dengue e Zika brasileiros... sambam!"

Também, queriam que fizéssemos o que?
Chorássemos? Não iria contribuir.

Dirigíssemos a energia do povo brasileiro para uma pesquisa das soluções? Gente, mas isso passa por escola! E não é escola de samba!... Daí não dá, né?

12 de fevereiro de 2016

Empurrãozinho


De verdade, de verdade mesmo, as crianças vão se desenvolver quando tiverem que se desenvolver.
Mas são muito influenciadas pelo meio (na própria frase acima, subentende-se o fato: "quando tiverem que se desenvolver". E se não tiverem? Vão se prolongando na sua infanciazinha).
Se a gente parar pra pensar na infância de outros tempos (para trás, que é pra onde conseguimos olhar) percebemos que muita gente foi forçada a sair da infância - desculpe o termo -  "na porrada" (às vezes até literalmente).
E num certo sentido, isso é muito bom (menos a parte da porrada). Porque a gente tende a se acomodar, mesmo. Claro que boa parte dos nossos problemas, traumas, transtornos vêm do desencanto ao encarar a crueldade do mundo adulto. Mas ela, a crueldade, existe, e é com ela que temos que lidar, cedo ou tarde.
Períodos de guerra, de fome, de grandes problemas sociais somados ao olhar de estranheza para aquelas pessoinhas pouco estudadas e menos compreendidas abreviaram os jogos, os brinquedos, a "moleza". Mas ajudaram a forjar caráter, a valorizar conquistas, a "ralar". 
Pais de hoje vêem seus filhos "emperrados" na infância, na adolescência. Fazer o que? É geracional, não é muito diferente dos filhos do vizinho. Devem, no entanto, estar atentos ao exagero, ao mal que fazem a eles no tolher as asas, no não deixar que voem, no não dar um empurrãozinho.

5 de fevereiro de 2016

Portas Fechadas


Médicos cubanos já estão quase todos indo embora (antes da Dilma) e os pacientes ainda reclamam de que "não conseguem se comunicar" com eles.
Culpa em parte deles próprios que, pelo visto, não estão fazendo grandes esforços para aprender nosso complicado idioma. 
Mas culpa também da nossa ignorância e da nossa má vontade de nos entender com o resto da América Latina.
Há outro grande entrave, que não se restringe aos monoglotas: o terrível jargão, presente no vocabulário de padeiros a porteiros de edifício.
Naquilo que seria o intervalo compreensível do castelhano para o simplório paciente brasileiro, cai um jargão, tornando o diálogo um verdadeiro telefone sem fio. Isso, claro, quando tentou-se estabelecer um diálogo.
Melhor mandar a turma de volta?
Sei lá. Dizem que os próximos serão alemães.
Mein Gott des himmels!

2 de fevereiro de 2016

Snif Sem Lactose

Detesto ficar metendo o pau em multinacionais, até porque elas mandam nas nossas vidas (vai que elas me mandam embora desse mundo, sem direito a comida, remédio e sapato?).
Mas é que às vezes elas me fazem chorar. E rir, e chorar de novo, sintoma claro de estão me levando à  loucura (à vocês não? pensem bem!).
A penúltima (porque a última deve estar acontecendo nesse exato momento) foi a campanha publicitária do "novo" leitinho da Nestlé sem lactose (ainda bem que ninguém lê esse blog, senão estaria fazendo propaganda gratuita!):


Mães chorando! Isso mesmo: chorando, porque seus queridos filhinhos têm... Intolerância à lactoseSó de pensar, tive que limpar o teclado agora mesmo das lágrimas salgadas.
Pobres crianças! Até hoje sofrendo terrivelmente com gases (puns!), cocôs moles, barrigas distendidas e o que mais? Letras tortas? Chulé? Espirros? E o que mais puder se imputar a uma "quase normal incapacidade de tolerar uns mililitrinhos a mais de leite de vaca". Mas que o mundo (corporativo, mas nós todos vamos atrás, como vacas de presépio que somos) todo resolveu transformar em doença. Com direito a chororô. De mães, que não mandam mais seus filhos atravessarem a rua (quanto mais à guerra!), que têm que suportar seus filhos barrigudos. E das atrizes, que realmente nos comovem.


Olha eu aqui, limpando o teclado de novo!...