Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

28 de fevereiro de 2014

Braço de Ferro


O menino entra no consultório e, após alguns minutos de conversa - e exame - dá um "piti": se joga no chão, berra, esperneia, cospe, xinga. 
O que fazer?
Nada, a não ser curtir o momento.
O local para corrigir comportamentos não é o consultório médico. Nem o supermercado. Nem a casa do vizinho.
Deixar a birra passar, esperar que dali venha o aprendizado, utilizar esta ótima oportunidade para o braço de ferro entre a necessidade de auto-afirmação da criança e o conhecimento dos seus limites deve acontecer no "ambiente controlado" da sua casa, no seu "laboratório comportamental" (onde você pode, por exemplo, sentar relaxada (o) no sofá da sala com uma limonada com gelo à mão, revista Vogue na outra, enquanto aguarda pacientemente o fim do "show").
Tentar consertá-lo em público, além de deixá-lo com cara de Zé (Maria) Mané - vai evidenciar aos outros que você não faz o dever de casa - ainda vai dar mais um ponto para o seu querido diabinho, que é esperto o suficiente para perceber que na frente dos outros você está numa tremenda desvantagem. 

25 de fevereiro de 2014

Baseado em Nada


A cada dia crescem os argumentos a favor de um screening (teste obrigatório de todos, como nos moldes do teste do pezinho) para a doença celíaca.
A doença celíaca impõe uma dieta para toda a vida (dieta esta difícil de ser realizada, pois "corta na carne" muitas das delícias que estamos acostumados a comer). 
Num passado meio recente, aprendíamos os "sintomas clássicos" da doença (perda de peso, fraqueza, fezes persistentemente amolecidas ou duras, excesso de gases, dor abdominal, etc.) e nos era recomendado investigar. Inicialmente com um exame de sangue e, se positivo, com biópsia intestinal.
Estudos recentes, no entanto, têm mostrado que virtualmente qualquer um de nós, com ou sem sintomas, podemos ser celíacos!
E a partir daí fica difícil contra-argumentar. Dentre outras complicações, quem é celíaco e não sabe tem incidência maior de câncer do intestino e alguns tipos de linfoma (especialmente - quase exclusivamente? - para quem não segue a dieta). 

21 de fevereiro de 2014

Caixona de Surpresas


Se você não é um profissional da área da saúde, provavelmente não sabe pra que serve um fígado.
Sabe que é um órgão grande, que deve ter sua importância, localizado no abdome, e pouca coisa mais.
Não vou cansá-lo(a) com detalhes fisiológicos mas, brevemente, o fígado é como aquelas pessoas que trabalham com doações de roupas: triam tudo o que chega (com todo cuidado), classificam e dão o destino adequado, preparando para jogar fora o que não serve.
Ou seja, top five de importância (junto com cérebro, coração, rins e algum outro que devo estar esquecendo)!
Pois então: disse isso pra alertar que os hepatologistas (especialistas em fígado) têm se assustado com os níveis crescentes de fibrose (a marca celular da temida cirrose) em crianças e adolescentes. 
Causa? Obesidade. 
Níveis elevados de gordura saturam a capacidade dos "triadores" (células do fígado) que acumulam as moléculas, resultando em inflamação e, com o tempo, cicatrização (fibrose).
Pessoas que já no começo da vida têm um dos órgãos mais importantes para a manutenção de todo o organismo "avariados" (de forma quase irreversível, em muitos casos).
E, diferentemente de outras alterações, difícil de ser detectado (mesmo a biópsia do fígado pode falhar). 
Além disso, o caso dos obesos deve ser apenas parte do problema - ainda que crucial - pois magros que têm triglicerídeos e colesterol elevados também sobrecarregam seus fígados. Nesse sentido, um grande estrago tem sido verificado no consumo de refrigerantes, sucos, biscoitos, etc., além da dieta rica em gordura. 


18 de fevereiro de 2014

Day After


Você já ouviu falar de “gradil costal”?
Se você não é da área da saúde, provavelmente não.
Gradil costal é o nome dado a todo o conjunto das nossas costelas, que formam algo muito parecido com uma gaiola de passarinhos. Uma gaiola óssea, só que com vísceras, no lugar dos belos passarinhos – que devem voar soltos, ao contrário dos nossos pulmões e corações.
É... A anatomia também pode ser poética.
Disse tudo isso para reclamar. Após um pequeno esforço aeróbico no dia anterior, acordei com uma dor danada.
Onde? No meu gradil costal! Dezenas de costelas – se contadas dos dois lados – me lembrando dolorosamente da sua existência a cada inspirada mais profunda.
Esporte na meia-idade é isso. Necessário, imprescindível até.
Mas nos cobra caro o preço no dia seguinte.

É saúde. Mas (como já disse algum entendido cujo nome - e face - agora não me lembro) é a coisa mais parecida com doença que existe.

14 de fevereiro de 2014

Primum Non Nocere


Um dos princípios médicos (princípio criado por quem? ensinado por quem? escrito onde? não sei, só sei que básico no exercício médico) hoje mais esquecido é o do primum non nocere.
Expressão em latim, que significa mais ou menos: antes de tudo, não causar (mais) danos. 
Hipócrates, no seu juramento, talvez prevendo (ou observando) as pataquadas, botou a frase lá.
O nocere (dano, mal) aqui diz respeito à todo ato médico, desde procedimentos, exames, cirurgias até o que se fala ao paciente.
Primum non nocere, então, na intenção de se fazer o bem.
Primum non nocere achando que se está fazendo o bem.
Primum non nocere porque se aprendeu que o nocere é um meio que justifica o fim.
Primum non nocere com protocolos malvados, cegos, que não levam o humano, a vontade, a recusa, o medo e até mesmo a dor em consideração.
Normas, protocolos, recomendações devem (deveriam) ser interpretados e postos em prática de acordo com cada situação. Não há tabela, normograma, gráfico possível de ser criado por computador que valha mais que o julgamento, a experiência, o bom senso profissional.


Qual é a disciplina médica que põe isso acima das outras considerações?

11 de fevereiro de 2014

Pelando


O calor é tão grande que eu já começo a desconfiar da identidade daquele chifrudo vestido de vermelho ali na esquina.
É como doença: tá ruim pra respirar, tá ruim pra comer, tá ruim pra pensar...
Tava falando sobre o que mesmo? Ah, sim, o calor!
Então, esses extremos estão provocando brotoeja. Em adulto! Sério! Engraçado recomendar aos pais dos pacientes o mesmo que recomendamos pra eles: andem pelados! Em casa, pelo menos.
Banhos rápidos (e poucos) são bons. Pra pele, no caso das brotoejas, e pra comunidade, para evitar que a água falte.
Picadas de inseto, também. Estão afetando a todos. Tem inseto sendo picado por outro inseto, por falta de vítimas humanas. E aí, não tem jeito. No caso das crianças, os repelentes são fracos para não serem tóxicos, o que acaba não resolvendo.
Olhos muito abertos para o que vai pra boca. Bactéria, assim como os fungos da pele, gostam desse calor. Molhos, alimentos com ovos, carnes são prato cheio para elas também. Geladeira neles (tire a criança que se instalou lá dentro)!
Que mais?
Ar condicionado pode. Ventilador pode. Não fazem mal pra ninguém. Nem pra bebê. Quanto mais nos protegemos dos extremos, melhor. Ah, mas depois sai pro calor, e... Melhor, ué! Se protegeu da agressão por mais tempo. Melhor do que estar 24 horas derretendo!
Sorvete? Picolé? Claro! Não esquecendo que a moçada tem abusado das "calorias vazias". Melhor picolé de água, uma delícia!

7 de fevereiro de 2014

Regulamentação


Um saudável quebra-pau tem ocorrido no combate às más propagandas direcionadas ao público infantil.
Por um lado a Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) que, como o próprio nome diz, é da "indústria pra indústria" (auto-regulamentado), mas que funciona, até para não caia no sabido descrédito das instituições governamentais (principalmente quando muito dinheiro pode rolar por baixo das mesas).
Por outro, o Instituto Alana (nascido ainda neste século como vigia publicitário, e exclusivamente voltado para o público infantil, diferentemente do Conar).
A briga é boa. E está sendo boa até mesmo quando ironiza exageros, como mostra a propaganda que está indo ao ar agora.
Ganham os consumidores brasileiros, ganham os pais. Que, no entanto, não devem se eximir da sua vigilância, da sua própria regulamentação domiciliar, de criar uma postura crítica do que vêem em propagandas, novelas, filmes, revistas e etc.

(PS.: gostei da Alana porque tem uma pagininha fácil e pronta para denúncias de propagandas do que quer que seja em sua página da Internet. Além disso, é bom que haja uma pedra no sapato do Conar, que já estava se sentindo muito auto-suficiente...)



4 de fevereiro de 2014

Olho no Leite!


Devagar, o precioso, paciencioso trabalho de educação, convencimento, explicação, apoio (inclusive institucional) para a promoção do aleitamento materno vai se perdendo. Cabe um enorme infelizmente aqui.
Décadas de trabalho com nenhum outro objetivo que a saúde infantil foram sendo espertamente substituídas pelos (sempre eles) interesses das indústrias, que não nos querem mais saudáveis, apenas mais consumidores de "bobagens" alimentares e medicamentos.
Médicos têm saído das faculdades com o foco no peso das crianças pequenas, como se mais peso significasse saúde (exatamente como as avós deles, apenas que por outros motivos - as avós viveram épocas de carestia). Nesse intervalo geracional muitos médicos novos e alguns avós "velhos" juntam-se para "demonizar" o sagrado leite materno, que "deixa as criancinhas tão magrinhas, tadinhas!..".
Tadinhas das próximas gerações, se não abrirmos os olhos.