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6 de janeiro de 2012

Toy Story

Vez ou outra o pediatra, na melhor das intenções, descobre algum brinquedo barato e interessante e o leva para o consultório, na tentativa de minimizar o medo da minúscula clientela.
Ocorre que a escolha às vezes resulta infeliz.
Foi assim com um caminhão-caçamba de madeira que despertava na moçada o instinto de areia (ou de pedregulho ou de fruta) que, quando resolviam montar na parte traseira, ia criança, caçamba e tudo pro chão – numa vez resultando numa leve concussão da mercadoria infantil na parede do consultório.
Bichinhos de borracha. Podem ser inofensivos em alguns consultórios. Não no meu. Em inúmeras situações viraram – e ainda viram – armas numa guerra entre guerreiro-médico e guerreiro-paciente.
A última vítima (essa o próprio brinquedo) foi um mini-Rocky inflável, um João-bobo do tamanho de uma criança de 4 anos em posição de ataque, com luva e tudo.
Foram vários os pacientes (a maioria meninos, não sem exceção) que se sentiram desafiados, engendrando verdadeiras pancadarias mútuas, com arranhões em ambos os contendores.
Até que na semana passada, meu Rocky (como eu já o estava carinhosamente chamando) sofreu seu nocaute final. Apollo (este não é seu verdadeiro nome) veio a uma consulta de revisão. Saudável, muito saudável. Quando enxergou o boneco, transformou-se. Num lutador sanguinário. Deu pancada, cabeçada, chegou mesmo a deitar em cima do Stallone plastificado. E quando eu já estava nos finalmentes com a mãe do menino... Pou! Lá se foi o meu lutador! Duas semanas de vida (que para um boneco inflável já é uma vida), entregue definitivamente à aposentadoria...
Bem que minha mãe me disse pra eu ser dermatologista.
Não ia precisar mais do que um belo vaso e um quadro na parede.