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24 de julho de 2018

Dr. "Nádegas"


Quando um episódio grave como esse do "Dr. Nádegas" (prefiro o epíteto "científico", "Dr. Glúteo" é uma opção) ocorre, fico a pensar como os pacientes (todos nós) podem evitar em cair em situações como essa.
Inicialmente é bom dizer que há muitos doutores Nádegas que não mataram e não matarão ninguém, até porque sempre contarão com boa dose de sorte. Farão estragos menores, e desses, boa parte apenas nos bolsos dos pacientes.
Quais foram as características desse tal doutor que deveriam ter chamado a atenção de que alguma coisa muito errada havia?
Clínica em casa? Uma possibilidade, principalmente em pacientes do âmbito cirúrgico. Clínicos gerais do mundo inteiro atendem em consultórios contíguos às suas casas e, se não se trata de emergência e o médico tem livre acesso a um hospital da região, não há maiores problemas.
Presença frequente na mídia? Tem ficado muito difícil, mas depende muito de que forma essa mídia é utilizada. Particularmente prefiro colegas discretos, aumenta intuitivamente minha confiança, mas devo ser um cara conservador demais.
Excesso de autoconfiança? Pode ser. Mas o oposto também incomoda a muita gente, e com razão.
Ausência de especialidade? Claro, ótimo indício, mormente para quem se anunciava como ultra-especializado ("nádegas"!). Mas é muito difícil - senão impossível - para o paciente verificar credenciais médicas (até porque: e se forem falsificadas ou compradas?).
Ostentação? Eu acho, mas quase ninguém acha. Como disse, não preciso vê-lo numa choupana, mas excessiva riqueza (assim como em quase qualquer profissional) me incomoda.
Cercado de familiares e relacionados? Quase que não, mas depende muito das mesmas credenciais acima de todos eles.
Fama? Indicação de outros? Simpatia, carisma, higiene, inteligência?
Vamos chegando à conclusão de que não há método 100% seguro ao se escolher profissionais da área, e é verdade, independente do que Conselhos e Associações queiram nos dizer. Até porque boa parte da escolha sempre cai na subjetividade. 

Mas que precisamos abrir os olhos fica mais uma vez evidente.