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25 de agosto de 2015

Sabendo Usar...


Morei no Rio de Janeiro, há vários anos.
Não deixava de viver, apesar de um certo medo da violência urbana. Ia, por exemplo, ao Maracanã à noite sozinho, com camisa do clube e tudo, às vezes caindo inadvertidamente no meio da torcida adversária*.
Hoje, se quero ir novamente, meu medo é muito maior.
Racional?
Provavelmente não.
Efeito do noticiário diário sobre mortes, assaltos, sequestros, etc. Que já havia na época. Mas como estava lá, via que a vida continuava, normal para a grande maioria.
O mesmo tem ocorrido com certos medicamentos:
Mães que usavam - por exemplo, com os filhos mais velhos - esses remédios sem grandes medos, começaram a se "superinformar", e efeitos colaterais de sempre (conhecidos, incomuns ou não) passaram a assustar, com o resultado evidente da demonização de medicamentos úteis.
Informação não é ruim. Apenas que da sua fonte surgem grandes interesses, ignorância, preconceitos, preferências, muitas vezes somados - e não de forma benévola.
Estamos nós, prescritores de medicamentos, na tarefa inglória de educar, convencer, compensar,     reinformar. Até lobby (o que nos põe em posição constragedora de suspeitos) temos tido que fazer!
De que remédios falo? Falo, por exemplo, dos broncodilatadores, temidos como nunca. Falo da famosa Benzetacil, que tanta pneumonia curou. Falo da dipirona, com mais de meio século de uso no Brasil, com perfil de segurança pra lá de aceitável. Falo da quase extinta aminofilina (veja no Wikipedia brasileiro a vastidão de informação a respeito!), uma opção no tratamento da asma, a custo de banana (banana nossa, pra nós brasileiros). Falo do dextrometorfano, vendido sem controle até recentemente, e por isso tendo gerado uso irresponsável. E etc!

*(Claro que as guerras urbanas são travadas mesmo é nas periferias de qualquer cidade média, mas não é esse o ponto...)