Ao me virar, me deparo com duas figuras noutra mesa: um provável filho, meio com cara de aborrecido (ou envergonhado), na faixa dos 6 ou 7 anos de idade, e seu provável pai (ou tio?), supostamente adulto.
Quem emitia os estranhíssimos ruídos (que, fui descobrindo, simulavam aviões intergalácticos, robôs, personagens de desenhos animados, todos retirados de uma imensa sacola de presentes)? O suposto pai!
O filho até fazia alguma contida participação nas histórias. Mas era o (suposto) pai o grande astro, o que mobilizava as platéias (eu, incluso), o que buscava a atenção (e estava conseguindo) toda para si.
Não era alguém tão novo, que pudesse justificar sua performance na imaturidade, nos ardores da juventude. Nem parecia ter qualquer problema mental (nada de grave, pelo menos).
Terminado o show, passou feliz por todos nas mesas, inclusive pela minha e da minha esposa (tão impressionada quanto eu). Não passou chapéu. Mas cumprimentou educadamente duas senhoras que lhe sorriam, e comentou qualquer coisa que não consegui ouvir (provavelmente algo como: "essas crianças!...").
Até pouco tempo, filhos olhavam para seus pais para o alto, com olhar de quem busca inspiração para crescerem, para se tornarem eles mesmos adultos.
Hoje vemos (supostos) adultos que fazem tudo para se manter no nível das crianças, numa tentativa meio patética de agradar o tempo todo, de ser a atração, de competir com os brinquedos.
Não à toa ficam ambos perdidos nos seus papéis.
Uma peça que não agrada. Nem mesmo às próprias crianças.
(Sei que pouca gente entenderá esse título. Era a frase do Carequinha, palhaço da minha infância, que respondia ele mesmo à pergunta: "E o palhaço, o que é?")