Falando como pediatra, alguém que se depara à toda hora
com menores - e maiores - com problemas de ordem emocional dos mais variados:
Tenho me assustado com o atual embate (já não é mais um
debate) entre psiquiatras e psicólogos (mais especificamente psicanalistas)
sobre quem trata o que - e, principalmente, se alguém realmente trata
efetivamente alguma coisa. E mais, se muitas das tais coisas são
verdadeiramente "tratáveis".
A briga é, ao que parece, no âmbito
anátomo-fármaco-funcional ("frios" psiquiatras) versus "história
de vida e suas conseqüências" (bem intencionados psicólogos), e
aparentemente vence quem agrada mais ao paciente, pois há pacientes com
gravidades e gostos muito diversos.
Nossa atual (e perigosa) medicina das
"evidências" (perigosa porque esquece que evidências são mutáveis, e
não sinônimos de verdade eterna) pende muito a balança para o médico, o
fármaco, a doença.
Quanto à mim, ainda que muito bem intencionado, ando muito
lerdo a dar o veredito.