Não à toa o Palácio de Versailles é um dos pontos
turísticos mais visitados do planeta: é um legítimo representante do ápice da
realeza na história moderna da humanidade. Talvez nenhum rei tenha sido mais
rei que Luis XIV, o Rei-Sol.
E ao se andar pela vastidão de quartos, salões e jardins
do palácio, uma coisa chama a atenção: não há (ou pelo menos não havia)
banheiros!
A grande diferença da riqueza atual para a riqueza de um passado
recente: o número de banheiros das casas, apartamentos - ou mesmo dos palácios.
E o tal rei, então, não tinha (como ninguém tinha) o menor
pudor de fazer suas necessidades reais em qualquer nobre recinto palaciano. E
mais: despachava assim, literalmente sentado nos tronos (a palavra troninho
tem, assim, a sua origem realmente real).
A história conta que um acesso aos seus íntimos despachos era uma concessão
disputada à tapa!
Também não à toa a horda de constipados aumentou nos dois
últimos séculos. Fazer cocô foi ficando cada vez mais feio, cada vez mais algo
que se deve fazer de forma solitária e inconfessa, ainda que certos banheiros
pudessem fazer Luis XIV morrer de inveja.
Banheiro, ou mais exatamente cocô, pede ritual. Precisa de tempo. E uma mistura
exata de concentração e relaxamento. E é isso que falta a muitas crianças
atuais, apressadas ou excessivamente pressionadas na liberação de seus imaturos
esfíncteres.
Tratar intestino preso pede hoje um pouco da realeza de outrora.