É difícil ficar imune às obras de arte de Christian Boltanski.
Francês, filho de pai judeu e mãe católica nascido em 1944, em meio à Segunda Guerra Mundial, costuma dizer que o fato de ele existir já é um fato improvável (o mais sensato teria sido os pais terem optado por um aborto).
"Acaso" ("Chance" em inglês) é fruto da reflexão sobre o seu destino - bem como do destino de qualquer ser humano.
A obra é uma tremenda geringonça similar às prensas dos jornais em movimento, só que nesse caso cada unidade é a foto de um bebê recém- nascido diferente. A cada 10 minutos uma sirene toca e uma foto aleatória de um desses recém-nascido é mostrada numa tela enorme.
Só!
Mas o suficiente para se refletir.
Morte? Doença? Fortuna? Fama? O que esses teóricos sorteados (ou azarados) levam (ou levaram) da vida?
Respostas não existem.
Dependem das visões, crenças, personalidades de cada um.
A mesma pergunta pais do mundo inteiro fazem sobre seus filhos. Só que "na moita", sem admitirem que são quase impotentes diante da enorme prensa do Acaso.
"Há poucos bichos mais interessantes para um bom estudo antropológico do que o homem".