Volta e meia faço a pergunta para os pais:
"Qual seu motivo para escolher, dentre os três principais remédios para a febre, o ibuprofeno?"
A resposta, quando dada (porque em muitas ocasiões pais não sabem nem mesmo porque escolheram esse remédio ao invés daquele, e em muitas outras vezes foi simplesmente "porque o médico mandou") é: "porque é o mais gostosinho" (!)
Sim. A escolha de algo tão importante baseada no "fator gostosinho". E pronto!
Indústria farmacêutica: agora já sabem (como se ela não soubesse, já tivemos polivitamínicos na forma de bala de goma, por exemplo, depois retirado do mercado), basta ser gostosinho!
Qual o item mais importante a ser levado em conta, no mundo ideal (a pergunta não é direcionada a médicos, estudantes de medicina ou farmácia, é a leigos!): a melhor relação eficácia versus segurança. Mas especialmente no grupo pediátrico é: segurança em primeiro lugar! E desde que não há medicamento 100% seguro (muito longe disso!), devemos nos guiar pela "top list" dos medicamentos seguros em cada área. Como o remédio "basicão" da criança é o analgésico/antitérmico, segue a lista (que só será polêmica por motivos escusos ou por desconhecimento):
1) paracetamol (acetaminofeno)
2) dipirona (ou metamizol) e, por último (reforçando, por último):
3) ibuprofeno
O ácido acetilsalicílico, por exemplo, foi totalmente desbancado, pelos riscos (que curiosamente são menores dos que os do ibuprofeno, mas isso é uma outra longa história...).
Vou apanhar? Vou! Porque a indústria (sempre ela) fez a "cabecinha" (e seguirá fazendo, nunca duvidem) de uma inteira geração de médicos (dos pais nem há, como vimos, necessidade), "provando" por C + D (A + B se fosse realmente correto) que o ibuprofeno é seguro (como uma "balinha").
Esse é o mundo em que vivemos...