Parece incrível que certos assuntos nunca se resolvam de forma definitiva (ou talvez seja o contrário: uma "definitiva definição" nunca deva ocorrer mesmo, para nada).
É novamente a questão do aborto. Governos com pontos de vista absolutamente antagônicos se sucederam, e agora está nas mãos do Supremo (ainda que com uma prometida consulta popular em breve) o que se deverá fazer. Proibir tudo? Liberar pra quase tudo? Criminalizar de vez? Descriminalizar?
Somos um país (ainda) religioso, propenso a fanatismos. E por isso, imagino que a caldeira vá ferver na discussão. Quase já vejo mortes em apaixonadas discussões sobre se se pode interferir com a evolução da vida. Assim somos.
Fato é que uma "liberação" como se quer (até 12a. semana de gestação) poderá gerar ainda mais liberalismos nos comportamentos sexuais, enquanto a nossa educação (geral e sexual) só faz piorar, no ciclo vicioso pobreza-deseducação.
Mas também é fato que "já que a coisa está tão ruim", talvez não devêssemos piorá-la, deixando o pessoal que não tem recursos continuar não tendo, abandonando mulheres à própria sorte "porque não queremos nenhuma participação nisso".
A decisão do "que se faz com o aborto" sempre vai ser difícil, e países mais desenvolvidos estão quase todos mais acolhedores ao aborto regrado, normatizado.
Acontece que - mais uma vez - temos uma pequena estria de desenvolvimento nesse nosso imenso mapa. E não vai dar pra fazer uma lei nacional apenas para ela.