Eu achava que era só eu que reclamava disso (porque reclamo de quase tudo):
Dessa onda dos últimos anos de considerar o psicólogo (mas aí não me eximo do papel que também tento exercer aqui) como alguém que deve palpitar em como cada um deve levar sua vida.
Um psicólogo é um psicólogo, na melhor das hipóteses. Não é um manager, um presidente, um contador, um neurologista, um especialista em sono, um político, um arquiteto. A não ser que possua formação ou atuação nessas áreas (quando corre o risco de ser "menos psicólogo", como ocorre com qualquer outro profissional).
Não é alguém que deva dizer a você como deve se relacionar com os outros, social ou intimamente.
Não é alguém que deve atestar que você é "normal", a não ser em certos casos em que as leis exigem que alguém diga isso, e na falta de profissional melhor (mas poderia ser um estatístico, por exemplo)...
Também não é alguém que possui certificado da própria "normalidade", por isso é tão questionável que possa julgar a normalidade dos outros de forma tão adequada.
Não é uma "superbabá", como querem alguns programas.
É, quando capacitado, alguém que faz você repensar sua vida, sua maneira de se comportar, suas relações, suas decisões presentes e passadas. Alguém que escuta suas angústias, seus medos, suas frustrações, suas alegrias, e as devolve para que você lide com todas elas, talvez, de maneira mais adequada, por exemplo.
Não é, nem mesmo deve ser, alguém que ofereça soluções práticas para sua vida, e nem mesmo alguém que tenha por profissão fazer você se sentir "melhor" (mas é o que quase todo mundo acha). Muitas vezes é até mesmo o contrário!
Estou dizendo isso em conformidade com um artigo recente publicado no jornal francês Le Figaro ("A Moda dos Psicólogos-Babá"), que recomenda que os "psi" saiam um pouco dos holofotes da mídia, pois têm exagerado quando aceitam "entender de tudo".