O deprimido (não chamo de "paciente deprimido" para não transformar quase metade da população em "paciente") costuma passar pela mesma situação que alguém que possui uma dor (um reumático é um bom exemplo).
Há dias em que ele acorda, não se dá conta de nada, dá bom dia ao porteiro, olha um sol intenso e chega a se sentir algo animado, vai às compras, toma decisões, discute, estuda, trabalha, etc. Você entendeu: vida normal.
Há dias em que cada piscada de olho dói. Qua cada passo é um vacilo. Que decidir se levanta da cama ou fica ali mesmo é uma tarefa que pode levar o dia inteiro. E é aí que ele mesmo constata (ou se lembra) que é, sim, um deprimido.
E como um reumático ou um paciente de outra patologia qualquer, fica se perguntando porque aquele dia é tão diferente do outro. Pode achar explicações nada plausíveis (frequentemente acha), mas na maioria das vezes se trata apenas da variabilidade de humor própria da depressão (assim como da bipolaridade ou outros problemas psiquiátricos).
Claro que uma noite mal dormida, uma ressaca, problemas finaceiros, familiares ou outro problema de saúde associado pode contribuir muito para a variação. Mas isso é mais nele, deprimido, do que no "vizinho" que não o é.