"Eu quero, mãe, eu quero!"
"O que, filho?"
"Uma coisa!"
"Que coisa?"
"Uma coisa! Uma coisa!"
"Tá filho, mas que coisa você quer?"
"Uma coisa!"
E desata a chorar cada vez mais forte, com caretas cada vez mais sofridas. A mãe que adivinhe que espécie de coisa esse filho quer.
Como ele não discrimina, a mãe começa a tentar:
"É brinquedo?"
"Não!", chorando cada vez mais violentamente.
"É de comer?"
"Não!"
"Se não é brinquedo e não é de comer, o que pode ser?" pergunta mais a si mesma que a ele, que agora parece estar quase convulsionando, agarrado por um braço, para não permanecer jogado no chão do shopping, bem perto da escada rolante, onde todo mundo passa.
"Uma coisa, mãe, uma coisa!", repete o menino, nada podendo ser mais claro.
"Tá bom", diz a mãe, "vou comprar agora mesmo uma COISA pra você, pra você parar de me encher o saco!", já saindo do código de conduta da mãe moderna que nada pode que traumatize seu filho, pelo menos não em público.
Vai até a primeira banquinha de coisas infantis que acha e compra uma "coisa" para seu filho, que fica só manjando com um olho entreaberto e outro chorando.
Volta e entrega, a coisa. O menino olha, examina, vira pra um lado, pra outro e diz, já calminho:
"Não tinha de outra cor?"