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26 de setembro de 2017

O Povo Alemão e o Morro do Alemão


O alemão é um povo irritantemente coerente.
Entende que mais do mais ou menos pode ser muito melhor que o novo.
Que se a saúde, a moradia, o emprego vão mal é talvez porque poderia estar ainda pior.
Não arrisca. Ou melhor, não arrisca mais. Talvez pela memória do que o risco pode significar.
Sabe que a sua parcela é mais importante que a do governante, na manutenção de um país que funciona.
E vota na Merkel em silêncio, para mais um mandato.
Enquanto isso, no país do Morro do Alemão, brigamos, enraivecidos com tudo e com todos.
Muito provavelmente continuaremos apostando, cada vez mais alto, como se o tombo não pudesse existir. Como se a mágica viesse ainda mais de cima. 
Nada de fazer aos poucos. Nada de seriedade, rigor comedido, de olhar pro lado para ver se conseguimos que todos subamos juntos. É sempre o meu primeiro, é o do favor político, antes que acabe (como se não estivesse quase tudo acabado).
Aprendemos muito nas últimas décadas. A não ficarmos calados, a nos indignar, a reclamar, a quebrar-quebrar. Tão pensando o que? Sabemos que quem não entra no jogo está cada vez mais fora dele pra sempre.
Então é assim. Que venham os debates. A pauleira. Os péssimos atores desse teatro barato. 
Já estamos acostumados a pagar muito caro o ingresso.