Quando Freud conheceu a cocaína (uma substância até então muito pouco conhecida no mundo todo), imaginou se tratar de uma possível solução terapêutica pra quase tudo, principalmente para os "males da alma". Chegou a provar em si mesmo, e inicialmente a achou maravilhosa.
Com as decepções subsequentes - inclusive com a perda de pacientes e amigos para a "droga milagrosa" - Freud, um pesquisador obstinado, ao invés de se dar por vencido, seguiu por outro caminho, esse mais difícil, mais complexo, e também não isento de efeitos colaterais. Caminho do qual ele foi "pai": a psicanálise.
Com ela, também se poderia tentar curar as depressões, manias, neuroses, psicoses, e mesmo as doenças do corpo, de natureza psicológica em muitos casos.
Não foi bem o que aconteceu. O resultado dessa "nova terapia" é mais ou menos conhecido por nós todos. Também aqui, o que houve não chegou a ser uma solução, mas um desafogo, uma tentativa de se chegar mais perto da compreensão da imensa barafunda emocional na qual estamos mergulhados.
A lição a se tirar da história é que não há mesmo drogas (ou mesmo terapias) milagrosas de qualquer natureza, em qualquer área. E, principalmente, não há drogas (medicamentos) nas quais não apareçam efeitos colaterais, cedo ou tarde.
Propostas terapêuticas atuais precisam do tempo para se firmar, para caírem em descrédito ou para se estabelecerem no meio termo, como apenas mais uma opção (muitas vezes mais uma dentre tantas ruins ou apenas razoáveis).