Por que o Facebook faz tanto sucesso?
Por que, após já tantos anos, não se consegue criar algo que rivalize com ele (a não ser, agora, em certa medida, o Whatsapp) - e não é por falta de tentativas, visto que o potencial de lucro é bilionário?
Provavelmente não por "aproximar pessoas", que foi - e continua sendo - o motivo anunciado. Anunciado e mantido porque na aparência mais nobre do que nossos reais motivos, motivos mais humanos, mais "pé no chão", mais instintivos, necessários mesmo.
Além da mais evidente curiosidade sobre a vida dos outros (de quase todos os outros), para que eu possa saber como vivem, e aí me comparar nas minha maneira de levar a minha vida, de sonhar, de tentar imitar (o Face é uma enorme imitação de "estilos", que sobrepassou a realidade da própria moda das ruas), de até mesmo invejar, de invejar com todas as forças, de até mesmo odiar, de exercitar o ódio por aquele outro da maneira mais sorrateira, que é a maneira solitária, escondida, "vitoriosa" (porque o outro - aparentemente - não sabe que está sendo invejado, odiado, etc. por aquelas pessoas), na verdade o Face (assim como ultimamente o Whatsapp em certa medida) é uma grande, uma enorme terapia de grupo. Uma terapia de grupo quase universal.
Me expondo ali - ou expondo o que eu acho que devo expor - vou dizendo aos outros como eu sou (ou mais propriamente, como eu acho que sou, ou ainda, como acho que devo me mostrar aos outros, o que, em numa certa medida, "atrapalha - mas não anula - o benefício terapêutico", visto que camufla o verdadeiro eu).
E aí (outra sacada do Face, essa mais intencional), com os "curtires" (plural de "curtir") e comentários, temos a grande sensação do pertencer (e mais ainda, de estarmos sendo amados - esqueçamos o invejados, odiados! - pelos outros). Trocamos curtidas, para nos sentirmos também curtidos.
Vazio, como todos sabem. Não nos faz melhores, não é novidade. Mas não sabemos mais como sair dele.