Ninguém gosta de atendimento médico "a toque de caixa", não é mesmo?
E formação médica a toque de caixa, é bom? Menos ainda!
Pois é mais ou menos o que os ministérios associados da Saúde e da Educação estão propondo.
Abertura de novas faculdades de medicina no interior - e "no interior" significa quase sempre menos qualidade e menos controle - para tentar deixar o médico recém-formado "perto de onde irá depois trabalhar".
Primeiro que não é assim. Caso o médico (o bom médico, que é aquele que interessa) perceba que seu lar, doce lar é pobre de recursos, põe canudo, estetoscópio e escrivaninha nas costas e vai também para áreas mais centrais e abarrotadas, atrás da boa prática (para variar, a dialética do governo petista é o da humanidade médica determinando suas preferências, bonito mas tão inocente quanto os que acreditam nas suas políticas públicas).
Em segundo lugar, não é, de novo, exatamente de mais médicos que esse (cada vez mais) pobre país precisa.
Precisaria é de uma revolução!
Revolução na educação, porque população educada deve saber do que precisa e quando precisa (e se precisa).
Revolução nas leis, porque, por exemplo, dá muito menos trabalho multar e coibir um exército de motoqueiros imprudentes do que tratar e reabilitar uma legião de mutilados.
Revolução na infraestrutura, que pode fazer com que médicos resolvam problemas médicos, não tendo que correr atrás de toalhas, papel carbono e caneta (sem falar em coisas mais "nobres").
Revolução cultural (sem excessos), porque onde faltam livrarias proliferam farmácias.
Revolução econômica, porque muito mal físico é consequência - senão um travestimento - da carência de todo o resto.
Revolução na própria política, porque os exemplos vindo de cima estão de sentar numa maca e ficar chorando.