Esse assunto é sugestão da Renata, mãe, leitora e incentivadora (e que passou pela experiência abaixo citada):
É a questão do "Quem te falou? Ele?"
De uma maneira provocadora - mas às vezes tomada como grosseira ou mal educada - quando mães de recém-nascidos ou lactentes "adivinham" seus sintomas (notadamente "dores de ouvido", "dores de garganta" ou "cólicas"), costumo lascar a tal pergunta: "Quem te falou? Ele (a própria criança)?".
Os tais sintomas são quase sempre "chutes", muitas vezes bem longe da trave, quase na arquibancada. Mas são chutes aprendidos na cultura popular, arraigados, difíceis de desentortar.
E justamente por isso "cutucamos" a noção dos pais. Para que parem pra pensar: por que (por exemplo) dor? E por que os órgãos eleitos (ouvidos, barriga)? Por que não, sei lá, calor? Ou irritação com um ambiente barulhento, ou alteração emocional com alguma sensação desagradável sonhada anteriormente ao choro, ou até mesmo alguma dor (ainda que rara num bebê aparentemente saudável), mas fora da lista dos principais suspeitos (ouvido, barriga...).
Imediatismo, raciocínio simplista, crenças, "Maria-Vai-Com-As-Outrismos" são algumas das causas. E não raramente o próprio médico embarca nelas, por ignorância, preguiça ou concordância amiga.
De quem ainda não fala, precisamos sim da história dos pais. Não dos seus diagnósticos prontos.