Muito bonito na teoria. Se fosse realmente assim.
Não é. Infelizmente a coisa pega em muitos passos necessários até que a medicação chegue à você.
Lobistas da indústria trabalham tanto quanto seus bioquímicos, e fazem jus aos seus altos salários. Já na "linha de montagem" estão arduamente convencendo pesquisadores a provar a eficiência do produto (nem que pra isso tenham que passar por cima de algumas considerações éticas), aliciando médicos iminentes a experimentarem e propagarem os bons efeitos, distribuindo informações em tudo quanto é mídia (científica e leiga) afirmando que os benefícios são líquidos e certos.
Uma das questões mais complicadas é o chamado longo prazo. Muita medicação bacaninha (algumas supostamente milagrosas) só foi se mostrar problemática com o passar de anos do seu uso.
Exemplos abundam. Só para citar um, na reposição hormonal da mulher na menopausa: inicialmente fez-se reposição com estrogênios (o hormônio que ia declinando com o avançar da idade) para se descobrir que aumentava casos de câncer no útero. Depois, se passou para reposição com estrogênio + progesterona, para se perceber, anos após, que os casos de câncer de mama é que estavam aumentando. Recentemente, a preocupação com a incidência do câncer de ovário tem feito ginecologistas pararem para pensar se a menopausa é, de fato, tão ruim assim. Meio tarde para muitas das vítimas que se animaram com a perspectiva de prolongar sua feminilidade perdida, além da promessa oficial de uma proteção cardiovascular difícil de comprovar. Culpa do longo prazo. Ou do desprezo que a indústria farmacêutica (e a classe médica) dá a ele.
Vestido tem moda. Televisão tem moda. Celular (ou smartphone) também. Medicação, não. E o conceito de "novidade" é extremamente perigoso nesse mercado. Gente doente tem pressa, e costuma confiar cegamente em tudo de bom que o remédio oferece. Mas não são e não podem ser ratos de laboratório.