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15 de maio de 2015

Na Moita


Há uma especialidade pediátrica que tem nos deixado com pena de quem tem trabalhado nela ultimamente: a Neurologia Pediátrica.
Surgiu como um ramo muito nobre da Pediatria: para tratar de pacientes com doenças agudas e crônicas do sistema nervoso, ambas muito angustiantes para pacientes e pais. E muitas delas com pouco a se oferecer em termos de tratamento.
Uma verdadeira arte, mais do que uma simples profissão.
O problema (e tinha que haver um problema) é que a "loucura" da sociedade atual a tem desvirtuado. Hoje, neuropediatras quase que tem que andar se escondendo por aí, tal é a avidez de pais, professores, parentes, vizinhos e outros pitaquentos para que se trate o mundo infantil de "algo".
"Ah, mas essa criança não pára quieta!", "Esse menino tem que ter alguma coisa, não é normal esse comportamento!", "Tá com muita dificuldade na escola!", "Vive muito triste!", "Não presta atenção no que a gente diz pra ele!", "É agitado!", "Quer sempre bater nas outras crianças!"...
Não há mais o "normal". Ninguém vai crescer e, naturalmente, mudar de comportamento. O papel da educação, do exemplo, da autoridade, a compreensão das fases da criança, do papel da mídia, dos eletrônicos, do consumismo, da falta de valores, foram reduzidos a um nada. 
É médico. É especialista. É remédio. É "a solução para os nossos problemas".
E marca pra hoje, que eu não posso esperar!
Funcionários de postos de saúde têm relatado do perrengue que passam diariamente com a insistência da turma para marcar consultas com o profissional.
Da dó.