Um estudo publicado nesta semana mostra bem porque existem estudos e estuuudos!
Primeiramente a conclusão:
"Pessoas com peso abaixo do normal têm maior propensão à demência".
Com quase dois milhões de pessoas acompanhadas a partir de 55 anos, o estudo "demonstrou" que quem tem IMC abaixo de 20 tem incidência maior da demência.
Aí alguns furos:
Demência é um conceito amplo e com muitas causas possíveis.
O índice de massa corpórea (IMC) tem muitos "furos" quando se trata de interpretar estudos em populações. Difícil de diferenciar, por exemplo, a gordura visceral da gordura corporal total com o índice.
Pessoas idosas vão, muitas vezes, "levando cacetadas" vida afora. E, dentre outras consequências, vão deixando de se alimentar corretamente. Como quando morre um cônjuge, por exemplo: a demência se instala por comer menos ou pela depressão relacionada ao fato?
A própria falta de "grana" do idoso ou aposentado o leva com frequência para os dois caminhos: menor capacidade cognitiva e subnutrição. E aí um não é causa do outro.
O estudo foi baseado em revisão de prontuários (não verificada pelos próprios autores, claro, são dois milhões de pessoas!). Vemos a caneta pesar muito fácil no diagnóstico de "demência" com qualquer deslize cognitivo próprio de idosos absolutamente saudáveis do ponto de vista neurológico.
Portanto, querido(a) fofo(a): não corra para a geladeira mais próxima. Não vai preservar sua mente sã. Nem esse estudo deve salvar sua consciência.