Quando tenho algum problema de saúde (qualquer que seja, mesmo os por mim inventados) qual especialista gostaria de ter sempre à mão?
O especialista em mim ("eulogista", ou da perspectiva do médico, um "tulogista")!
Impossível, claro.
Quem mais se aproximaria desse especialista em mim (fora eu mesmo, ainda que minha visão de mim mesmo seja algo distorcida, sem grande - ou qualquer - distanciamento, tudo em mim é potencialmente grave) seria um parente próximo (tive durante muitos anos um eulogista na figura do meu pai, pediatra como eu) ou um grande amigo, que supostamente me conhece tanto quanto eu mesmo me conheço (ou, curiosamente, do ponto de vista médico, isento, até mais).
Nada disso é o caso da grande maioria das pessoas. O simples acesso ao médico já é um luxo para quase todos.
Com o desenvolvimento das especialidades das últimas décadas, este especialista (o "tulogista", na perspectiva dele) tornou-se uma figura não mais do que mítica. Não só ele não existe, mas está cada vez mais enterrado nos livros de história. Exceção a uma ou outra pessoa, muito importante ou rica.
Hoje vai-se ao médico de partes. Não de nós mesmos. De partes generalizáveis de nós mesmos, o que é uma tremenda roubada. Minha pressão alta, minha úlcera ou simplesmente meu problema digestivo pode ter alguma causa em 99% dos casos atribuíveis a isto ou àquilo. Mas no meu caso, a história pode (e mesmo deve) ser totalmente diferente.
Especialistas (exceto os "eulogistas") não estão ali para prestar tanta atenção a nós mesmos!
Até porque a fila anda...