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6 de março de 2015

Isso Pede... Aquilo, Claro!



Não são só os pacientes que "embarcam" na muitas vezes enganosa nomenclatura dos grupos de medicações. Também os médicos (e aí é imperdoável) vão na mesma onda.
Onde tem inflamação: antiinflamatório.
É gripe? "Antigripal".
Tosse? Antitussígeno ("xarope para a tosse" ou "contra a tosse").
Dá mesmo margem à confusão. 
Alguns desses termos foram criados até que com boa intenção. No caso dos antiinflamatórios, por exemplo. Surgiram como uma solução. Mas na prática (principalmente na prática pediátrica) foram se revelando muito mais como bandidos que vilões. E aí já era meio que tarde. Popularmente a prática já tinha pego. Inflamações são autolimitadas na maioria das afecções das crianças. Não precisam de ajuda. Ou, no máximo, precisam de analgésicos. Tão eficazes quanto (mas não em tudo) e com muito menos perigo de reações adversas.
No caso dos antigripais, foi maldade mesmo. Nunca houve um efeito "antigripal" no sentido de curar (ou mesmo melhorar de forma significativa) os sintomas da gripe. As combinações de substâncias ali presentes, mesmo com efeito positivo próximo de zero, mesmo com efeitos colaterais, sobreviveu graças ao marketing farmacêutico e à ignorância da população. Paciência.
Tosse é manifestação de um monte de coisa. Ninguém que se chama médico pensaria em dar um remédio para a tosse para um paciente com tuberculose, por exemplo. Mas tuberculoso tosse. E muito. Linfoma torácico se manifesta, entre outras coisas, por tosse. O paciente asmático tosse por "irritação" ou "inflamação" das vias aéreas. Mas a turma quer o que? Xaropinho pra tosse!
Cabe à gente informar. Dá um trabalho danado! Porque a desinformação é mais rápida, aparentemente mais evidente, conta com apoio do uso corrente e da vovozinha (que aprendeu tudo de medicina no Almanaque do Biotônico Fontoura - mas alguns médicos também!) e, principalmente, gera um lucro (com o perdão da palavra) desgraçado para a indústria farmacêutica.