A selfie me irrita.
Não uma selfie, ou uma ou outra selfie.
É a selfie como mania, como filosofia de vida: ei, mundo, veja como eu sou bonito/metido/feio/engraçado!
É o reconhecimento explícito do nosso egoísmo, do nosso egocentrismo bobinho, da nossa infantilidade.
Quem não quiser que não veja, se defendem os selfistas. Claro. Mas o que irrita é justamente isso: são vistos! Por outros selfistas! E aí o motivo para a concorrência entre as selfies: quem será mais bonito/metido/feio/engraçado...
Não há diferença entre um catálogo virtual de mercadorias de uma loja de departamentos e uma sequência de selfies. Estão todos expostos - apenas no seu exterior - para análise alheia. Que no caso do selfista pede: me admire, me elogie, lembre-se de mim ou então... me esqueça! Não, não me esqueça! Olha como estou b/m/f/e nesta outra (milionésima) selfie!
Para que não paguemos o mico da geração mais umbilicocentrada da história da humanidade proponho algumas othies. O que serão "othies"? Fotos bonitas/metidas/feias/engraçadas dos outros (others, othies, em oposição às selfies, de self). Mas não dos outros filhos, pais, primos, amigos, não. Othies amplas, planetárias, universais, de seres que nem imaginamos o quanto possam ser b/m/f/e, porque estamos muito ocupados fotografando os gomos do nosso abdome trabalhado.