Imagino que não haja volta: estamos todos vendidos - e por um precinho barato, o da nossa alma - às multinacionais!
E na questão tão formulada aos pediatras, a do leite da criança a partir do sexto mês de vida, é quase unanimidade: leitinho isso, leitinho aquilo. Um vulgar leite de vaca (caixinha, pacote, leiteiro)? Cruzincredo! Nem pensar!
A principal multinacional do leite tem a receita maior que o PIB do país onde ela está inserida (Suíça). Com essa força toda (a do dinheiro), dita normas alimentares pro mundo (incluindo aí os pobres pediatras). Sendo assim, vão todos repetindo a ladainha do "leitinho isso, leitinho aquilo", sem grandes questionamentos.
Numa carta ao editor de "pé de página" da American Family Physician um médico de família americano ousou questionar as tais orientações, pedindo evidências, argumentando sobre o custo para as famílias ao usar as " fórmulas".
As justificativas são sempre as mesmas: o leite de vaca é pobre em ferro e vitamina C (ok), o cálcio do leite de vaca atrapalha a absorção do ferro alimentar (ok), leite de vaca às vezes provoca perda oculta de sangue pelas fezes (ok).
Solução? Fórmula! Que é feito a partir do que mesmo, hein? Leite de mulheres criadas para este fim? (é melhor não dar idéia!)
Ah, mas a fórmula tem inclusão de ferro, de vitamina C, disso e daquilo...
Mas não deixa de ser leite de...vaca! E se leite de... vaca interfere com a absorção de ferro, de vitamina C, etc., não é a sua inclusão que vai mudar o panorama.
Solução? Menos leite de vaca (da vaca, da caixa ou da lata)! Pra isso servem os outros variados componentes da dieta: para assegurarem a ingestão das vitaminas, do ferro, das fibras, etc.
Não há mesmo justificativas válidas para os leitinhos isso, leitinhos aquilo, a não ser as econômicas!