Já que o pediatra é um especialista pobre (em que nem a indústria farmacêutica precisa fazer muito lobby para que prescreva as poucas coisas que prescreve), uma das suspeitas que ainda pairam sobre sua cabeça é a do conluio com a indústria alimentar, notadamente a das fórmulas infantis (leites em lata).
E não tão sem razão. Conheço médico que fez especialização no exterior custeado por multinacional de fórmula infantil.
Para a maioria, no entanto, a pressão não passa de um ou outro eventual (e chato) representante, que não deixa mais do que folders e folders enaltecendo as maravilhas da última palavra em leite de vaca em pó.
Eu não caio nessa. Por convicção e por consciência de que leite em pó (principalmente para as crianças que foram amamentadas até as proximidades do sexto mês) é como óleo de motor, chuchu e japonês: tudo igual!
Porque não é do leite (repetindo: não é do leite!) que a criança que cresce vai retirar seus nutrientes principais. Vitaminas, sais minerais e mesmo os macronutrientes e promovedores de uma flora intestinal adequada não estão no ...an Isso ou no ...eno Aquilo, ou no ...on Aquele Outro.
Isso é tudo balela da indústria (não esqueçamos que, em termos de Produto Interno Bruto, a Nestlé é maior do que a Suíça na qual ela está contida, graças à você e eu)!
Gente é onívoro: come de tudo. Ou assim deveria ser. Lembre àquela mamãezinha da casa ao lado que ainda leva mamadeira ao soldado ex-barbudo de serviço no quartel.
Dentes precisam mastigar. Intestinos precisam de outras paisagens, que não aquela monótona coisa branca e líquida que algumas mamães acham que constitui o alimento para toda uma vida. (Ei, volte aqui! Quem falou que você precisa forçar goela abaixo? É só ter coragem de parar de comprar e oferecer tanto leite!).
Nutrientes estão na variedade, essencialmente. Isso é, às vezes, meio caro, dá mais trabalho que 1 medida para cada 30 ml, mas traz satisfação garantida.