O sucesso do livro "Inferno" da trilogia "A Divina Comédia" de Dante Alighieri se deve muito à brincadeira - brincadeira séria - que ele faz de ser um Deus essencialmente punitivo.
E não só isso: a punição vem na forma equivalente aos pecados cometidos. Um talião divino, por assim dizer.
Mas antes de chegarmos ao inferno - se esse for nosso merecido destino - experimentamos às vezes o mesmo tipo de "olho por olho" aqui em cima, na terra.
Falo dessa turma que (infelizmente para eles, mas muito mais para nós) aprendeu a relacionar o prazer ao barulho. Barulho muito alto, bem além do nível suportado pelos nossos ouvidos, que não evoluíram na capacidade de tolerar "Megadecibéis" juntamente com as parafernálias instaladas em caçambas, para não falar das "baladas" (pouca gente sabe, ou dá bola, mas o nível de som de 3 dígitos usual nas baladas leva cerca de 30 minutos para lesar o ouvido de forma irreversível).
Então será - ou já está sendo - gerações de "danados" terrenos, precocemente surdos ou sofrendo do terrível "tinitus" (zumbido) que, em casos extremos pode levar até mesmo ao suicídio.
(Dante não teve tempo, e o desprazer, de conhecer os "caçambeiros" ou os "Madrugas", como orgulhosamente se denominam, mas imagino que seu "inferno" seria algo como caixas de sons instaladas diretamente nos seus cérebros por toda eternidade. Mas, espera: cérebro? Que cérebro?)