Dois mil e dezenove.
Às vezes fico aqui, a pensar, naquele tempo longínquo, em que pais faziam a frequente pergunta:
"Acúcar tem problema?"
Se referindo à alimentação da criança.
E respondíamos (de forma inocente, porque os tempos eram outros):
"Não! Vai "queimar" mesmo!"
Se hoje você ouvisse isso da minha boca, estaria autorizado por mim mesmo a nunca mais voltar.
Como disse, os tempos são outros...
O "açúcar" não é mais o "açucar". Está infiltrado em toda parte. Disfarçado, acrescido, modificado, invertido, e mesmo descarado. Não dá pra imaginar você, em sã consciência, dizer algo parecido com "liberado". Não mais.
Pais de hoje tem mais essa pesada tarefa no cuidado com seus filhos: vigiar açúcar. Muito mais do que isso: vigiar carboidratos de uma maneira geral, o que é muito mais complicado.
Começa pela definição. Que porcentagem dos pais sabe o que é um carboidrato? Ou onde ele "se esconde", onde está visível, qual pode ser - um pouco - "abusado", qual deve ser absolutamente evitado, e por quê?
Demanda horas de conhecimento básico nutricional. E muito pra quem já tem "bagagem", senão quase nem adianta...
Por essas e outras, sou (um pouco?) pessimista com a epidemia não só da obesidade, mas dos problemas metabólicos todos, de agora e do futuro, onde provavelmente veremos -ainda mais do que hoje! - uma população de "velhos por dentro", que se não estarão exatamente obesos, estarão acometidos por doenças relacionadas à carga de açúcar que engolem, como gansos inconscientes do seu foie gras.