Quero deixar claro que não moro na África subsaariana nem à beira do Ganges, onde certamente a realidade é outra.
Mas aqui no sul do Brasil, diarreias sérias em crianças estão se tornando notícia em jornal nacional, pela raridade.
Falei "sérias". As pouco sérias ainda são coisa de toda hora.
E aí, em vista dessa dualidade (quase nada de séria, um monte de pouco séria), criou-se uma situação interessante na última década: a "memória da diarreia".
O que é isso?
Pais dos pimpolhinhos, quando vêem seus filhos "evacuando mole" (digamos assim, mas os termos variam muito, e alguns são risíveis), costumam ter muito medo, porque "ouviram o galo cantar", ou seja, ouvem aqui e ali: "diarreia causa desidratação", ou o seu corolário, que já foi meio comum, "diarreia causa desnutrição", e por aí vai.
Então: não mais. Quase nunca mais. Por vários progressos, mas não tenho nenhuma dúvida em afirmar que principalmente pela vacina do rotavírus, um vírus que causou muita desidratação até ter sua vacina instituída.
Claro, melhoras sociais diversas, melhor acesso aos serviços emergenciais, melhora nos índices de aleitamento, e etc. Não importa agora. O que importa é que os pais tenham (e vão tendo, com o tempo) menos "medo" de um "cocô mole".