Dor no peito em crianças e adolescentes é um fato relativamente comum (como, de resto, várias outras dores como dores de barriga, dores de cabeça, etc.).
E na maioria dos casos num "simples" exame físico e - principalmente - com alguma conversa, se descobre a causa (ou, mais importante, a "não causa"!) dessas dores, muitas delas de origem absolutamente benignas.
Acontece que pais e familiares hoje estão "contaminados" pelas informações sobre dores no peito em adultos (ou mesmo em idosos), e aí acham que os mesmos fenômenos que ocorrem nessas faixas de idade se "transferem" para as crianças.
Crianças são crianças, é bom sempre lembrar desse fato.
Um colesterol elevado (e outros exames mais ou menos alterados, que costumam vir já "na pasta" das crianças com estas queixas) não causa dor torácica, mas a confusão é grande. Não causa nem mesmo no adulto, a não ser na hora de abrir o envelope do exame e constatá-lo alterado (até porque se sabe que alterações "doídas" no estilo de vida serão recomendadas)!
Dor torácica provocada pelas temidas doenças cardiológicas costumam ser "floridas" na apresentação clínica, mas são mais próprias de cardiopatas adultos, pelos fenômenos de isquemia (baixa irrigação sanguínea do músculo cardíaco) ou das fases iniciais do infarto. Exames de laboratório nas crianças só aumentam a confusão (afinal, se eu peço um determinado exame é porque penso que a causa do problema deva ser respondida por esse exame - ou eu não entendi direito?).
Uma boa conversa, confiança no médico, e a possibilidade de que se reveja o paciente em caso de não apresentar melhora costuma ser tudo o que é necessário.