Não sei se a metáfora pediátrica cabe apenas porque sou pediatra, mas o Brasil está definitivamente assim: a cada eleição se põe nas mãos da criança pequena o objeto mais precioso e caro da casa e se diz: "pode brincar".
Azar que destrua (inevitável, como todos sabemos). No caso pediátrico, ainda pode haver um "mamãe compra outro".
Ninguém minimamente realista ainda pode acreditar num bom senso de quem vai manejar esse objeto. É lixo na certa. As pesquisas de intenção mostram isso há três perigosos meses da derrocada final.
Nossas crianças ainda sonham com a volta daquele Papai Noel que já entregou a elas tudo o que elas poderiam ter. Ignoram (pois crianças) que mesmo o "bom velhinho" faliu, pois posou de herói durante tempo demais, e agora rasgado, maltrapilho e além de tudo sem máscara, ainda oferece a elas seus últimos sonhos (porque de resto é o que elas ainda possuem).
É uma história triste, desesperançosa. Mas é também a que temos a oferecer.