Vamos imaginar que você marcou uma super-consulta com um super-médico, e que ele levou uma hora dedicando à você toda a atenção.
Soube muita coisa sobre suas queixas, seus problemas, suas dificuldades.
O examinou com muito cuidado. Pediu exames e analisou o que você já trouxe de outro(s) médico(s).
Discutiu, perguntou, sugeriu, perguntou de novo.
E você sentiu muita confiança. E se abriu, e confiou.
Ainda assim - nessa suposta super-consulta - o que esse médico realmente sabe sobre você?
Sabe sobre sua preferência musical (ópera ou sertanejo)? Sabe sobre sua relação com quem você vive e trabalha? Sabe sobre sua alimentação nos pormenores? Perguntou sobre o seu sono? Sabe, ainda, se você é alguém que não gosta de tomar remédio? Se você está bem no plano financeiro? Tem idéia de seus maiores medos, angústias, etc?
Provavelmente não. Nada ou quase nada dos acima. Até porque a consulta levaria horas. E seria no mínimo muito cansativa. E faria de você o paciente único do dia. Quanto vale isso, em termos de custo de tal consulta?
Então: esse suposto super-médico sabe ainda muito pouco sobre você. E essa ignorância dele poderá (deverá) interferir na capacidade dele de tratá-lo, ou mesmo de diagnosticar corretamente sua condição, seus problemas.
Admitindo que raramente temos acesso (ou capacidade econômica, ou mesmo tempo) à essa super-consulta, o que temos é menos (na maioria das vezes muito menos). E com menos, dá pra fazer... menos por você.
É por isso que tratamentos médicos podem ser tão frustrantes nos seus resultados. Não há mágica. Não se pode tratar (efetivamente) o que se desconhece. Por melhor que seja o médico. Por menores que sejam seus problemas.
Ou ele cria uma maior intimidade com você (anos conhecendo você, disposição dele, acesso à ele, confiança sua, etc.) ou o que você terá não será um tratamento médico de verdade. Será um remendo.