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9 de maio de 2017

O Último Homem


Jogar a idade da aposentadoria "para o infinito" tem como uma das consequências o criar a impressão - quase real - de que a data do "descanso" nunca vai chegar.
E isso cria o desapego. Pra que vou correr tanto, se nunca vejo a linha de chegada? Melhor desistir bem antes do fim. Ou trocar de corrida.
Outro reflexo é na escolha da profissão, algo já tão complicado para o jovem.
Até pouco tempo, o erro tinha - mal ou bem - um fim (e claro que não era a situação ideal, no caso de erro): a aposentadoria, onde se poderia fazer, enfim, algo que se gostasse (ou mesmo, ficar de papo pro ar). 
Agora não mais. Pelo menos não mais como aposentado. Se morrerá (descanso eterno) com o desgosto do erro antes do prazo (descanso remunerado). Ou quase isto, visto que alguns resistirão até o fim. Ou, quem sabe, veremos guinadas completas nas profissões com muito mais frequencia do que hoje, e isso pode ser até bom.

Não adianta. Está ocorrendo no mundo inteiro. É a maldita "tendência" no gelado mundo globalizado, onde o ser humano vale menos do que pesa em termos de capacidade laboral. Vai ser assim. Teremos, de novo, que nos adaptar.