Tenho vontade de chorar (mas me seguro) quando ouço falar de "medicamentos" como o recente Koli Kids (ou algo parecido).
A evolução do conhecimento sobre a flora intestinal nos últimos anos mostrou algo surpreendente: os lactobacilos são uma "minoria esmagada" (em contraste com a maioria esmagadora de outras espécies de bactérias). Significa que, independente da ingestão ou não de leites e derivados, acham-se não somente em quantidade ínfima no intestino como também em algumas áreas restritas dele.
Não que não tenham função. Têm. Inclusive alguma importância (não se sabe quanta!) imunitária. Ou seja, sua presença como "bactéria do bem" também deve ajudar a desenvolver o sistema imunológico (mas é uma ajuda, não toda uma diferença como sempre se quis - e ainda se quer - crer).
Daí pra frente, é tudo (em 2017, que é quando vos escrevo) especulação.
Dentre outras barbaridades não levadas em conta quando "se toma" lactobacilo na forma de "remédio" é que ele se esvai pelo trato digestivo como seu dinheiro pelo ralo quando compra remédios sem efeito comprovado pela ciência. Essas bactérias não "fazem casinha" ali. São rapidamente eliminadas pelo cocô. A flora autóctone (ou seja, as bactérias que habitam sempre o intestino, de maneira mais ou menos constante) são, além de uma "assinatura individual" do organismo, relativamente insensíveis a mudanças no prazo longo (insensíveis à ingestão, não ao uso de antibióticos, radiação, imunossupressão, etc.).
Voltaremos ao assunto na próxima postagem (isso, claro, se a Aché não me achar até lá!).