Qual a receita para que os jovens - principalmente os jovens da periferia - não "se percam", não sejam vítimas fáceis das drogas, da violência, da miséria?
Todo mundo sabe que não há receita. Assim como todo mundo que presta atenção à sua volta vê que os índices ruins em relação aos jovens periféricos nunca param de crescer.
Roberto Saviano, jornalista italiano premiado e corajoso, comentou numa entrevista a um programa na TV Rai a respeito, que deveríamos tentar, a despeito da noção generalizada contrária, mostrar ao jovem que suas conquistas dependerão de real esforço, de que as ações para suceder na vida são complexas, e não simples, "fáceis", e que (também diferente do que se quer fazer crer) não há um "complô das elites" jogando contra suas realizações pessoais e profissionais.
Isso tudo depende de dois sérios fatores que estão rareando: educadores e pais. Pais que dêem sobretudo exemplo, mas que não alimentem o "você acima de tudo", a ação egoísta, a noção de que "ninguém faz nada por você, então se vingue", que é uma visão que vem crescendo com a marginalização das antigas classes médias, com os políticos populistas, com a deseducação, com a confusão das mensagens do "capital acima de tudo" contra o da "socialização da desgraça".