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11 de dezembro de 2015

Linha de Chegada



Esse blog muitas vezes tem cara de diário.
E meio que é.
Por isso vou me aproveitar desse caderno virtual pra manifestar (mais) um estranhamento com (mais) um modismo, desta vez obstétrico:
É a coisa do "pai, quer cortar o cordão"?
O cordão em questão é, como você deve estar imaginando, o cordão umbilical do próprio recém-nascido (nos partos vaginais, já é bom que se esclareça!), e a oferta dada por parte dos obstetras como uma finalização, uma "chave de ouro" para encerrar um parto (principalmente nos partos supostamente "humanizados").
E aí não sei se é para se estabelecer um paralelo, um simbolismo, com outros cordões: o cordão da linha de chegada de uma longa corrida (de nove meses!), o cordão (ou faixa) de inauguração de uma nova vida ou, talvez, o cordão que sustenta um balão de gás na mão da criança que, ao soltá-lo, atinge grandes alturas.
Poético, admitamos.
Mas ainda assim, estranho.
O corte do cordão umbilical (ainda) é parte  de um procedimento médico, "quase cirúrgico". E não vejo o por que (fora o poético) motivo pais devem ter a primazia de fazê-lo.
Quando presencio a súbita oferta, sinto a agonia dos mesmos, com a perspectiva de  - além de ter que ouvir, sentir, compartilhar ais, uis, e até "socorro!" - ainda ter que meter a tesoura entre dois seres (à princípio) tão amados: sua mulher e seu aguardado rebento.
Deixa esse "prazer" pro profissional presente, por favor.
(acho até - mas pode ser bobagem - que pais que animadamente se prontificam ao ato deveriam ter anotado nas suas possíveis futuras fichas criminais: cortou! ou, mais grave: cortou, sorrindo!)