Remédio tem dessas coisas:
Se a gente alerta o paciente "um tantinho a mais" sobre reações adversas (perigos) de um determinado medicamento - mesmo que seja algo que aconteça, por exemplo, em menos de 5% dos pacientes tratados - já vai percebendo no olhar do paciente (no nosso caso, dos pais) aquele "Ih, então acho que não vou usar!...).
Calássemos (uma postura ao meu ver desonesta), possivelmente não haveria problemas (a não ser, claro, se a reação adversa não mencionada aparecesse, o que, convenhamos, é muito pior para ambos, médico e paciente).
Tem, além disso, o uso inapropriado (muito comum) do medicamento prescrito (para aquela situação ou para uma situação anterior, ou mesmo para uma outra pessoa, como um vizinho ou conhecido), Ainda assim, busca-se quase sempre um "culpado" para a reação adversa, quando ela ocorre. Principais "suspeitos": médico (mesmo que há muito tempo prescrito, e mesmo que "para outra coisa"), o medicamento (transforma-se logo num medicamento "que faz mal") ou, muito mais raramente, o vizinho ou conhecido (lógico, quem mandou confiar nele(a)?).
Assim, muita medicação boa foi pegando má fama (até porque remédio que é remédio tem, por definição, efeitos colaterais, diferente das medicações inócuas ou de efeito apenas placebo).
Aprendi (só) há pouco tempo (como médico, mas também como potencial paciente) como lidar com os medicamentos.
Devemos, a cada encrenca - grande ou pequena - nos perguntar:
O que é que temos disponível até o momento para tratar isso?
E aí:
É esta a melhor opção para mim?
Vale a pena (custo, efeitos colaterais, etc)?
Se a resposta for "sim", pague-se o preço (em termos de custo, efeitos colaterais, etc.).
Mas se a resposta for "não", também sabemos que pode haver um preço pela nossa escolha.