Você já deve ter ouvido várias o ditado:
"Son of a fish, little fish must be" (filho de peixe...)
Então: pra quem não me conhece mais a fundo (até por que eu não quero toda essa intimidade), também eu herdei a vocação.
Não só a vocação. Herdei quase tudo dum grande pediatra que havia em casa - inclusive o gosto pela escrita, um estetoscópio Littman, e um jeitão assim, meio desleixado.
São 40 anos tentando seguir os passos. Seguros, da parte dele. Trôpegos, da minha parte.
E, apenas como outra homenagem, entreguei a pena a ele hoje para mais uma postagem:
Muitas vezes nossos pacientes nos perguntam - ou mais exatamente nos pressionam - quanto a necessidade do uso dos antibióticos nas frequentes infecções das crianças.
A grande maioria destas infecções são provocadas por vírus. Curam espontaneamente. Claro, sem a imposição do uso de antibióticos.
O caso das tais "infecções de garganta" é característico. São a justificativa dada várias vezes pelos médicos - erradamente, principalmente em crianças muito pequenas - ou buscadas pelos próprios pacientes, numa tentativa de aplacar sua ansiedade quanto à doença (ou as possibilidades de complicações) de seus filhos.
É compreensível. Mas não justificável como motivo para lançarmos mão de medicamentos que podem apresentar toxicidade, reações adversas, indução de resistência bacteriana, além do evidente custo financeiro.
Lembramos aos pais que somos de um tempo que antibióticos nem mesmo existiam (na minha infância). Nem por isso víamos outras crianças gravemente doentes a toda hora. Ou, por exemplo, não chegarem à vida adulta por causa de infecções.
Estranho! Parece que fui eu que escrevi...
Pais corujas são uns porres. Filhos corujas não fazem mais do que a obrigação.
Feliz Dia dos Pais à todos!