Há mais de duas décadas venho lutando - e muitas vezes perdendo - contra a noção de que o bebê bocudo tem dor na sua barriga (cólica, termo que por si só já causa confusão).
Na semana passada, mais uma grande evidência apareceu para justificar a provável ausência de dores. Mas, ao mesmo tempo, mostra a complexidade da cólica dos lactentes:
Bebês muito chorões nos primeiros meses têm uma alta incidência de enxaqueca quando pouco mais velhos.
E aí o interessante é que as mesmas recomendações de estilo de vida (não medicamentosas - pelo menos ainda) para a enxaqueca costumam melhorar os sintomas da cólica. São elas: respeitar horários de sono e alimentação, evitar excessos de estímulos como luzes e ruídos, distração da criança com embalo e massagens (desde que realizados por alguém mais tranquilo que o bebê).
Nada de dieta da mãe. Nada de remédios para dor, ineficazes ou perigosos.
Cólicas melhoram com a idade (por volta dos 3 meses). Já a enxaqueca (upgrade da cólica?) é cíclica, com momentos de melhora e piora na maior parte dos casos.
Lembrando ainda que nas crianças os sintomas enxaquecosos são em muitos dos casos sintomas abdominais (náusea, vômitos e dor abdominal, associados à palidez e/ou alterações do comportamento como tristeza ou irritabilidade). Quando ficam adultos, os sintomas de dores de cabeça sobressaem.