Se a gente parar pra pensar, é difícil chamar a maioria
dos problemas alérgicos propriamente de “doença”. Fica muito pesado.
Até porque quase todos nós temos ou já tivemos alguma
manifestação alérgica e não por isso estamos autorizados a nos dizer “doentes”.
E as alergias têm uma característica muito particular
menos nítida em grande parte das doenças.
É a grande, às vezes enorme
influência do emocional.
Alergias podem se transformar em problemas sérios se
deixarmos nos levar por elas.
De vez em quando vemos alguém com rinite alérgica se
queixar de que não pode trabalhar!
Conto sempre (e sempre sem entregar o santo, somente o
milagre) de um meu paciente adolescente, criado pela avó rígida e
super-protetora, que tinha crises seríssimas de asma. Via-se como uma criatura
frágil, apesar do seu corpanzil.
A avó nunca aparecia à consulta. Pedia para outros
familiares o levarem, talvez porque temia o que a ela se diria.
Quando finalmente compareceu e foi convencida da
necessidade do neto se comportar como um adolescente normal, que deveria sair
de casa, jogar bola, pular muro, se sujar, etc., o neto nunca mais apareceu:
tinha mil coisas a fazer mais importantes que ficar “doente”!
Resolveu-se o problema do neto. Provavelmente agravaram-se
os problemas da avó, quaisquer que fossem.
O pediatra “perdeu” um paciente (até porque já estava
grandinho). O geriatra da vovó deve ter ganho mil problemas.
Fazer o que?