Se você tem mais de ... (deixa pra lá!) talvez lembre de
um desenho animado da televisão chamado Jambo e Ruivão.
Era uma interminável sequência de breves capítulos em que
quando um novo acontecimento se dava, lá vinha toda a recapitulação do episódio
anterior – aparentemente para economizar o trabalho do roteirista, ou do
desenhista.
Dessa forma, crianças do mundo inteiro eram mais ou menos
embalados no soninho do sofá. Ou iam fazer coisas muito mais divertidas – como
jogar bola de gude, por exemplo.
Hoje, não. Com exceção dos desenhos para bebês (bebês
também precisam consumir, e mandam nos controles!) como os Backyardigans, a
maioria dos desenhos atuais nos faz ficar pregados nas poltronas, se realmente
quisermos nos manter a par da história.
Isso ocorreu no espaço de mais ou menos duas gerações.
O cérebro das crianças atuais teve então que se adaptar a
essa velocidade toda.
Não foi uma adaptação darwiniana. Não se produziu por uma
evolução genética, lenta, dada através de milênios.
Além disso, o efeito vai se produzindo em cérebros
imaturos, susceptíveis, moldáveis.
E mais: hoje as crianças podem assistir à TV o dia
inteirinho, 24 x 7 (pelo menos as “pobres” aquinhoadas com TV a cabo ou por
satélite).
O efeito total dessa meleca?
Dentre outras causas, o diagnóstico muito mais frequente
dos transtornos de déficit de atenção/hiperatividade que estamos observando.
Crianças irrequietas, excessivamente animadas, com
carinhas de quem está morrendo de pressa para a próxima cena – seja na tela ou
na vida real.