Estávamos (estamos) vivendo uma verdadeira epidemia de sífilis, uma doença antiga, facílima de prevenir, difícil de diagnosticar a partir dos sintomas (fácil quando se faz o exame laboratorial), fácil de tratar em fases iniciais, dificílima (impossível) de tratar em fases avançadas.
E o que você via (ouvia, lia) nas mídias a respeito disso? Estávamos trancando adolescentes ávidos por transar em casa? Exigíamos o teste em novos parceiros sexuais? Proibíamos aulas em universidades?
Busquemos as possíveis causas.
Penicilina, o primeiro antibiótico descoberto, trata a sífilis (em fases iniciais). Ao preço de uma bala de banana. Significa: sem lucro para a indústria farmacêutica.
Um governo qualquer que anunciasse a "luta contra a sífilis" falaria para o vento. "Sífilis? Não é aquela doença "que sempre houve"?"
Por ano, no mundo, a sífilis mata cerca de 100.000 pessoas, cerca de 1/4 das mortes causadas pelo covid até agora. Pouco? Quando a covid atingiu 100.000 mortes, como estávamos todos reagindo?
A covid está aí neste nosso ano. A sífilis estava por aqui matando 100.000 no ano passado, mais 100.000 no ano retrasado, mais 100.000 no ano anterior... E se você seguir fazendo as contas, vai chegar ao Império Romano com a maquininha somando...
A covid tem abreviado a vida de muita gente que já teria um restante de vida breve provável (vida não menos valorosa que qualquer outra). A sífilis transforma um homem ou mulher de 20 e poucos anos numa pessoa cega ou incapaz mentalmente, e nem dá notícia em jornal.
Nenhuma nova ala hospitalar tem sido proposta para os "pacientes com sífilis". Estão misturados aos outros (espera-se que não transando! mas ainda assim, podem transmitir a doença nos estágios mais avançados).
Quase nenhum pesquisador corre o risco de ser aclamado por alguma "descoberta em relação à sífilis". Quase tudo já foi dito e revelado. Falta a humanidade criar vergonha, mas aí há muitas outras prioridades.