Pouca gente sabe ou lembra, mas uma parte do mundo esteve verdadeiramente em pânico no já "distante" ano de 2003 por conta de um vírus parente desse atual, o coronavírus (corona, de "coroa" em latim, são vírus que possuem espículas moleculares que os fazem parecer verdadeiros "reis" infectantes).
Estamos em época de Oscar, e (que eu saiba) ninguém realizou um filme sobre 2003, mas aquela epidemia mereceria.
Dois países asiáticos (Vietnam e China, mais especificamente a área de Hong-Kong) viveram situações inacreditáveis: famílias extraídas de suas casas em ônibus para serem examinadas e hospitalizadas, enfermeiros e médicos proibidos de voltar às suas casas até que até que a epidemia acabasse (alguns mortos e cremados, violando a tradição religiosa local), batalhões do exército procedendo à uma desinfecção paranóica de prédios, veículos e ruas...
A epidemia foi vencida, mas muito graças ao trabalho de alguns abnegados da época.
A grande diferença em relação a hoje parece ser a patogenicidade desse novo coronavírus. Até onde se sabe, a grande parte dos infectados nem sabe que estão infectados, e assim permanecerão, ignorantes e felizes, como em quase toda doença viral.
A pequena parte (fala-se em 2%, mas deve ser uma superestimação) dos que ficarão (ou ficaram) mais gravemente doentes, têm sim, um maior risco de mortalidade (e de novo, especialmente na faixa dos idosos). Acontece que, diferente da epidemia de 2003 (que causava a chamada "SARA", síndrome da angústia respiratória aguda), esse "primo" do outro vírus parece ter predileção pelas vias aéreas superiores (nariz, garganta, seios da face), o que o torna mais "bonzinho", menos perigoso (poupa, por exemplo, os alvéolos pulmonares do estrago), e até por conta disso, torna a sua propagação também menos perigosa (ou mais previsível).
Vacina? Tratamento antiviral? Claramente, não há. E, claramente, não deverá haver! A epidemia deverá seguir seu passo de terminar por ela mesmo.